Afrofuturismo: Tendências inclusivas miram a construção de um futuro com protagonismo negro

O termo afrofuturismo é pouco conhecido, mas é referência quando o assunto é pensar iniciativas de protagonismo negro. De acordo com a ABL (Academia Brasileira de Letras) é um movimento cultural, estético e político que se manifesta no campo da literatura, do cinema, da fotografia, da moda, da arte e da música, a partir da perspectiva negra.

Símbolo africano, Sankofa representa a sabedoria para aprender com o passado - Foto: Reprodução/ND

Símbolo africano, Sankofa representa a sabedoria para aprender com o passado – Foto: Reprodução/ND

As obras que pertencem a esse movimento procuram retratar um futuro grandioso para os protagonistas negros. Para exemplificar, quem não lembra da polêmica sobre o personagem da “A Pequena Sereia” vir como uma menina, meio peixe, meio humana negra, no último filme? O vídeo das crianças se identificando com as cenas viralizou. O “Pantera Negra” também ganhou uma edição afrocentrada e foi para as telonas bem representativo.

Com base nessas ideias, o projeto “Afrofuturismo: Aprender com o Passado para Construir um Futuro” foi desenvolvido. As referências chegam a um dos símbolos africanos Adinkra mais conhecidos, Sankofa. Que nada mais é do que a sabedoria de aprender com o passado para construir o presente e o futuro.

O projeto foi uma oportunidade de discutir temas de profunda relevância para a sociedade que devem estar sempre em evidência – em todos os meses do ano. ESG com diversidade valoriza empresas A proposta ESG (Environmental, Social and Governance), com tradução em português para Ambiental, Social e Governança, propõe debates de iniciativas que valorizam a imagem da empresa, sobretudo quando a organização é apresentada para potenciais investidores.

+ Conheça o projeto Vozes da Consciência, uma produção multiplataforma do grupo ND

Talita Matos, que é CEO da empresa Singuê, consultora de marcas como Natura, Ifood entre outras no aprimoramento de ações afirmativas dentro das organizações, acredita que isso pode ser revolucionário em termos financeiros.

Além disso, comprovadamente, uma equipe diversa e com ações inclusivas garante o aumento da produtividade, fatores que podem aumentar a competitividade da empresa no mercado. Essas movimentações retratam o potencial de novas histórias com futuro promissor para a população negra, mas nem sempre foi assim.

Talita Matos é CEO da Singuê, empresa que realiza consultoria para marcas gigantes do mercado - Foto: Reprodução/ND

Talita Matos é CEO da Singuê, empresa que realiza consultoria para marcas gigantes do mercado – Foto: Reprodução/ND

Cargos de liderança

A trajetória dos profissionais negros é, na maioria das vezes, solitária. Pesquisas apontam que apenas 8% dos autodeclarados pretos e pardos ocupam cargos de liderança no ambiente em que trabalham.

Mas já há representatividade, ainda que tímida. No Estado, as startups vêm crescendo significativamente. O volume de novos negócios inovadores cresceu 49,65% em 2023 no Estado, somando 1.947.

A Buuk, que tem entre as CEOs uma mulher negra, está nessa porcentagem. Uma empresa remota especializada em inteligência de mercado para a indústria com clientes em todo o país.

Da mesma forma está Andrea Mazarem, facilitadora empresarial que atua como coaching, conselheira e mentora de executivos e grandes corporações. Na infância, passou por inúmeras situações de preconceito. Algo que conta durante as palestras, mas que a fez buscar o conhecimento para alcançar as lideranças. Nas campanhas publicitárias os movimentos de inclusão também são reflexos do atual “mercado”.

As movimentações citadas anteriormente vêm gerando impactos grandiosos na televisão, na publicidade e dentro dos estabelecimentos. Uma contribuição favorável a uma realidade que existe desde sempre.

Exposição de destaque

Assim como Tercília dos Santos, destaque na arte Naïf, as obras de Dayse Américo vêm ganhando o mundo. A artista está com a mostra “Consciência Negra”, com mais de 20 telas, no Centro Cultural do Continente, na Grande Florianópolis. Ela também apresenta duas obras no Direto do Campo, do Mercadão de Coqueiros.

As duas visitações são gratuitas e vão até o dia 30 deste mês. “É tudo sobre nós o tempo inteiro”, afirma. As movimentações artísticas vêm sendo uma arma fundamental de luta e resistência em prol do antirracismo.

Artista Dayse Américo expõe sua mostra sobre Consciência Negra até dia 30 deste mês - Foto: Reprodução/ND

Artista Dayse Américo expõe sua mostra sobre Consciência Negra até dia 30 deste mês – Foto: Reprodução/ND

Mês da Consciência Negra exalta ícones da história afrobrasileira

Neste domingo, Cruz e Sousa está de aniversário. São 163 anos de existência. João da Cruz e Sousa, poeta renomado para a história catarinense e importante escritor do simbolismo brasileiro, era filho de pais negros escravizados, mas educado em meio à aristocracia. Nada disso lhe privou do preconceito. É o nosso cisne negro, mesmo sendo um dos principais representantes do simbolismo no Brasil.

Nesta sexta-feira (22), como homenagem singela, uma cesta de flores colocada junto à urna funerária do poeta, no Museu Histórico de Santa Catarina – Palácio Cruz e Sousa. A partir deste sábado, todos que visitarem o museu receberão seus poemas. E neste domingo (24), ocorre a entrega da Medalha Cruz e Sousa, a maior atribuição honorífica na área da Cultura de Santa Catarina. O evento ocorre no cinema do CIC, a partir das 18h.

Cruz e Sousa é o aniversariante deste domingo (24) - Foto: Reprodução/ND

Cruz e Sousa é o aniversariante deste domingo (24) – Foto: Reprodução/ND

Novos caminhos e perspectivas

O protagonismo negro foi por muito tempo subestimado, mas estes exemplos são marcas mais que suficientes para entendermos quanto a ação impacta no futuro antirracista. Um estudo recente da Gestão Kairós, intitulado: “Estudo Publicidade Inclusiva: Censo de Diversidade das Agências Brasileiras 2023“, aponta que 41% dos negros têm o hábito de seguir marcas nas redes sociais.

Esse dado ressalta a importância crescente dessas plataformas como canais de marketing. A televisão ainda mantém seu lugar como uma poderosa ferramenta de comunicação; o levantamento aponta que 43% dos negros fazem buscas na internet sobre produtos anunciados durante a programação televisiva.

Ou seja, as pessoas querem se enxergar. E dessa forma, o Grupo ND termina o projeto multiplataforma Vozes da Consciência e apresenta o especial Afrofuturismo com cinco reportagens na TV, duas no impresso, conteúdo nas redes sociais e um especial neste sábado depois do Balanço Geral como um mecanismo ativo de igualdade e inclusão.

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