Inclusão racial avança no Norte e Nordeste, mas desigualdades chocantes persistem no mercado de trabalho

A inclusão racial no mercado de trabalho brasileiro ainda caminha a passos lentos, com dados preocupantes sobre a representatividade de pessoas pretas e indígenas. De acordo com o Relatório de Tendências de Empregabilidade para 2025 da Gupy, as regiões Norte e Nordeste lideram em diversidade racial nas contratações, enquanto Sul e Sudeste apresentam índices significativamente mais baixos.


Entre 2021 e 2024, a representatividade de pessoas pretas no mercado permaneceu estagnada em 13%, conforme analisado nas empresas que utilizam a plataforma de Recrutamento & Seleção. Já as pessoas pardas tiveram um crescimento modesto de 1% ao ano, apesar de ainda não alcançarem proporção equivalente à demografia brasileira, onde a população negra representa 55,7% das pessoas em idade ativa. “O crescimento tímido nas contratações de pessoas pretas reflete um desafio estrutural que ainda precisa ser superado”, destaca Guilherme Dias, cofundador da Gupy.


O Norte e o Nordeste se destacam com 50% e 46% de contratações de pessoas pardas, respectivamente, enquanto a inclusão de pessoas pretas varia entre 6% e 15% no Brasil. No Sul e Sudeste, onde estão concentradas grande parte das oportunidades de emprego, a inclusão racial é notadamente inferior, evidenciando um longo caminho a ser percorrido.


A desigualdade também se reflete em rendimentos e acesso a vagas. Dados do Dieese mostram que trabalhadores negros recebem, em média, 32,9% menos que colegas não negros em funções equivalentes, enquanto 65,1% da população desocupada no Brasil é composta por pessoas negras.
Setores com maior diversidade


O setor de Serviços lidera em diversidade racial, com 36% de trabalhadores pardos e 14% de pretos. Por outro lado, setores como Comércio e Indústria ainda mostram índices alarmantemente baixos, especialmente na inclusão de pessoas indígenas, cuja presença no mercado formal não ultrapassa 3% e é inexistente em muitos segmentos.


Apesar dos avanços, a inclusão de grupos historicamente marginalizados, como indígenas, permanece crítica. Com mais de 1,6 milhão de indígenas no Brasil, conforme o Censo 2022, a representatividade no mercado ainda é quase nula, sinalizando a urgência de medidas específicas para essa população.
O futuro da inclusão racial


A expectativa de crescimento na contratação de grupos sub-representados depende do comprometimento das empresas com estratégias de inclusão. “Estamos vendo um movimento crescente de corporações que estão adotando ferramentas tecnológicas para promover um recrutamento mais justo e inclusivo, o que é um bom presságio para o futuro”, afirma Dias.


A busca pela igualdade racial no mercado não é apenas uma questão de justiça social, mas também um imperativo estratégico para refletir a demografia brasileira e fortalecer o relacionamento com consumidores diversos.

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