Favorito descarta concorrer, e Scholz será candidato à reeleição na Alemanha

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
BERLIM, ALEMANHA E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Olaf Scholz será candidato à reeleição na Alemanha. Após mais de uma semana de especulações, Boris Pistorius, ministro da Defesa e potencialmente com mais chance de sucesso, segundo pesquisas de opinião, afastou definitivamente a possibilidade de concorrer no lugar do chefe.

Em vídeo de três minutos publicado na noite desta quinta-feira (21) pelo SPD nas redes sociais, Pistorius declarou que “Olaf Scholz é um primeiro-ministro forte e um excelente candidato a primeiro-ministro”.

A declaração e a ênfase de repetição ocorrem após intensa pressão de integrantes do partido social-democrata sobre seus líderes, que alimentou um debate público na Alemanha sobre as reais chances de um segundo mandato para Scholz.

Pesquisas de opinião, há meses, conferem a Pistorius o título informal de político mais popular do país. Em uma lista de 20 potenciais candidatos, o ministro lidera com folga, e Scholz é apenas o 19º. O desempenho reflete também o descontentamento dos eleitores com o partido. Na intenção de voto, os sociais-democratas reúnem apenas 16% das preferências, menos do que os conservadores da CDU e a extrema direita da AfD.

Até por isso, Friedrich Merz é quem lidera a corrida na prática, já que o voto no sistema alemão vai para os integrantes do Parlamento. Com projetada maioria, o líder da CDU alcançaria o posto. Aumentar o cacife do SPD diante de uma necessária coalizão de governo que a sigla rival terá que fazer era um dos alegados objetivos da aposta em Pistorius.

O ministro, a despeito de seu nome habitar as manchetes dos jornais há dias, sempre foi cuidadoso nas declarações, louvando o trabalho do colega e se dizendo confiante em sua candidatura. Analistas acham que a atitude foi mal calculada e que ele acabou perdendo a chance de se afirmar diante da liderança do partido.

“Olaf Scholz defende a razão e a prudência, e isso é particularmente importante em tempos como estes, em tempos de convulsão global e de ataques populistas e perigosos à democracia em todo o mundo”, disse Pistorius em seu pronunciamento. “Temos que pôr fim a esse debate, porque há muita coisa em jogo”, afirmou, em referência à polêmica que consumiu o SPD desde a implosão da coalizão de governo que liderava há algumas semanas.

Joe Weingarten, parlamentar da legenda que havia vocalizado abertamente sua preferência por Pistorius, lamentou a decisão. “Agora o objetivo deve ser trabalhar em conjunto e alcançar o melhor resultado eleitoral possível para o partido”, disse, em entrevista à revista Der Spiegel.

Scholz se submete a um voto de confiança em 16 de dezembro. Sua provável derrota será o gatilho formal para a convocação das eleições, já agendadas para 23 de fevereiro.

A Alemanha experimente um período de estagnação econômica, com necessidades que vão da renovação da infraestrutura ao combate à desindustrialização no país. Imigração, guerra na Ucrânia e ascensão da extrema direita complicam ainda mais o cenário, favorável à acensão de populistas.

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