Ator que vive Trump em ‘O Aprendiz’ diz que Hollywood está com medo de falar do filme

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Por Gabriela Caputo

O ator Sebastian Stan, que interpreta o presidente americano reeleito Donald Trump em O Aprendiz, disse que Hollywood está com medo de falar sobre o filme. A biografia política, que retrata o passado de Trump, estreou nos cinemas nos EUA em outubro, cerca de um mês antes das eleições presidenciais. Segundo Stan, personalidades famosas do cinema estariam temerosas com a ira de Trump e suas ameaças – ele tentou, inclusive, impedir o lançamento do filme.

“Recebi muito afeto de alguns dos maiores, em termos de atores, diretores, produtores e roteiristas, que viram o filme e elogiaram muito. Mas então, por exemplo, recebi uma oferta para fazer o Variety Actors on Actors na sexta-feira, e não consegui encontrar outro ator para gravar comigo”, disse Stan na última terça-feira, 19, em sessão de perguntas realizada após uma exibição do filme em Los Angeles.

O ator estava acompanhado do diretor iraniano Ali Abbasi (conhecido também por Holy Spider).

“Não estou apontando para ninguém em específico. Não conseguimos nem passar pelos agentes ou pelas pessoas que representavam [os atores] porque eles estavam com muito medo de falar sobre o filme”, acrescentou o ator.

Actors on Actors é uma série feita pela revista americana Variety. Anualmente, quando a temporada de premiações se aproxima, o programa convida duplas de atores para conversarem sobre seus filmes. No início deste ano, por exemplo, foram feitos episódios com Cillian Murphy, de Oppenheimer, e Margot Robbie, de Barbie, dois grandes fenômenos do cinema em 2023, e então cotados ao Oscar.

A informação foi confirmada pela Variety. “O que Sebastian disse é verdade. Nós o convidamos para participar do Actors on Actors, a maior franquia da temporada de premiações, mas outros atores não quiseram fazer dupla com ele porque não queriam falar sobre Donald Trump”, disse o editor da revista, Ramin Setoodeh, em comunicado enviado à imprensa americana na quarta-feira, 20.

No evento, Stan continuou: “É nesse ponto que acho que perdemos a situação, porque se realmente se torna medo ou desconforto de falar sobre isso, então nós realmente teremos um problema. Achei muito interessante um artigo de opinião recente do The New York Times que dizia que ‘temos que parar de fingir que Trump não é um de nós’. E isso é algo muito difícil de lidar no momento, e eu entendo que as emoções estão muito intensas, mas acho que essa é a única maneira de você entender esse filme”.

Para o ator, “não se pode continuar deixando essa pessoa de lado, especialmente depois que ela conquista o voto popular”. “Não deveríamos dar uma olhada mais de perto e tentar entender o que há nessa pessoa que está impulsionando isso?”, questionou.

Filme ‘polêmico’

O Aprendiz, exibido pela primeira vez em maio no Festival de Cannes, teve sua distribuição no circuito comercial americano atravancada. O longa já havia assegurado distribuição na Europa e no Canadá, mas demorou para garantir o mesmo nos EUA por conta de seu material controverso. Vários estúdios importantes se recusaram a trabalhar no filme.

O time de Trump chegou a enviar uma ordem para cessação do filme, sob pena de ação judicial, mas a ameaça não foi adiante. Sua equipe descreveu o longa como “difamação maldosa que nunca deveria ser lançada e nem merece um lugar na seção de filmes lançados diretamente em DVD em uma loja falida de filmes baratos”, na época.

A trama é considerada polêmica pois retrata uma cena de estupro de Trump com sua antiga esposa, Ivana Trump (interpretada por Maria Bakalova), baseada nos relatos do processo de divórcio do casal. Também mostra o uso de anfetaminas e procedimentos estéticos realizados por ele, como tratamento capilar e cirurgias plásticas.

Dirigido por Ali Abbasi, O Aprendiz é ambientado nas décadas de 1970 e 1980 e mostra a escalada de Trump no ramo imobiliário e a relação com seu advogado e mentor Roy Cohn (vivido por Jeremy Strong, astro de Succession).

Nos EUA, o filme foi considerado um fracasso de bilheteria. A arrecadação foi baixa, com menos de US$ 4 milhões no país e somando, no total, US$ 12 milhões mundialmente. O orçamento da produção foi estimado em US$ 16 milhões.

O longa estreou no Brasil em 17 de outubro, mas também não vingou por aqui. Passou pouco tempo em cartaz, com público inferior a 20 mil espectadores nas duas primeiras semanas, segundo a Ancine.

Estadão Conteúdo

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