Novembro roxo: Mês de conscientização sobre a prematuridade

bebê

Novembro é dedicado à conscientização sobre a prematuridade, destacando a importância dos cuidados maternos e neonatais para salvar vidas e prevenir complicações em bebês prematuros. A campanha, simbolizada pela cor roxa, visa alertar sobre os desafios enfrentados por famílias e profissionais de saúde, promovendo ações de prevenção e suporte ao desenvolvimento saudável dos recém-nascidos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 13,4 milhões de bebês nasceram prematuros no mundo em 2020, representando cerca de 1 em cada 10 nascimentos. No Distrito Federal, 12,6% dos partos são prematuros, conforme publicado pela Rede Pública de Saúde do DF.

De acordo com a pediatra Natália Silva Bastos, a prematuridade tem como principais causas a ausência de acompanhamento pré-natal e fatores como tabagismo, alcoolismo, uso de entorpecentes, obesidade, diabetes gestacional e hipertensão. “Sem o pré-natal, não há diagnóstico nem prevenção de doenças, o que aumenta o risco de um parto prematuro. Durante o acompanhamento, é possível tratar problemas como hipertensão e diabetes gestacional, além de avaliar a placenta e outras condições que podem influenciar na saúde do bebê e da mãe”, explicou.

A especialista destacou também os riscos de gravidezes gemelares sem monitoramento. “Já testemunhei um parto de uma mulher que não fez pré-natal e sequer sabia que estava grávida de gêmeos. Isso é um alerta para a importância desse acompanhamento.”

Após o nascimento prematuro, os desafios continuam, especialmente na busca por uma vaga em UTI neonatal. “Quando o bebê chega ao hospital, muitas vezes não há vaga disponível, o que torna tudo ainda mais urgente. Depois, enfrentamos as barreiras do bom atendimento e as possíveis sequelas, como atraso no desenvolvimento, paralisia cerebral, distúrbios de aprendizagem e outros problemas”, afirmou Natália.

Outro aspecto importante, segundo a médica, é o vínculo entre os pais e o bebê. “O contato pele a pele, como no método canguru, é essencial para a recuperação do prematuro. Esse método funciona como uma ‘incubadora natural’, favorecendo a imunidade e o desenvolvimento do bebê, além de proporcionar calma e estabilidade nos sinais vitais.”

Paloma Bites,é mãe de Morgana, de 2 anos, compartilhou os desafios e cuidados necessários para sua filha, que nasceu prematura. Morgana passou 83 dias na UTI neonatal antes de ir para casa e, desde então, precisou de acompanhamento médico rigoroso. “Ela teve consultas mensais com a pediatra, além de medicamentos de uso contínuo, como ferro, zinco e vitaminas. As vacinas dela também são específicas e precisam ser aplicadas no CRE do HMIB. Como prematura, ela tem duas idades: a cronológica e a corrigida. Isso influencia aspectos como alimentação e vacinação, que devem seguir a idade corrigida”, explicou Paloma.

A mãe relata que a prematuridade de Morgana não era esperada, pois a gestação foi tranquila e sem riscos até que uma infecção urinária mudou o curso dos acontecimentos. “Quando procurei a emergência, fui negligenciada e deixada sozinha no leito. Isso acabou resultando no nascimento prematuro. Se eu tivesse recebido o tratamento adequado, talvez pudesse ter levado a gestação até o final”, afirmou.

Segundo Paloma, os bebês prematuros demandam cuidados específicos e acompanhamento intensivo, além de mais informações para as mães e a sociedade sobre sinais de uma gestação de risco. “A pediatra sempre solicita exames regulares, vitaminas e suplementos. Até os 2 anos, minha filha teve consultas mensais, e agora, após essa idade, passou a ter consultas mês sim, mês não. Há sempre um cuidado maior com o coração e o pulmão, já que esses órgãos terminaram de se desenvolver na incubadora e não tiveram um desenvolvimento completo como deveriam”, destacou.

Sobre o acompanhamento especializado, a pediatra Natália reforça a necessidade da especialização para os prematuros, com apoio de neonatologistas, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. “Tudo depende do nível de prematuridade. O prematuro extremo, por exemplo, nasce antes das 28 semanas e exige cuidados intensivos, enquanto o tardio, que nasce entre 34 e 37 semanas, apresenta menos complicações.”

A pediatra também destacou a importância da doação de leite materno. “Os bebês prematuros são altamente dependentes do banco de leite. Além disso, essas crianças frequentemente necessitam de transfusões de sangue e plaquetas, tornando vital a mobilização de doadores.”

Por fim, Natália comentou sobre iniciativas de apoio às mães e bebês internados em UTIs neonatais, como o grupo das “polvinhas de crochê”. “Esses projetos ajudam as mães a enfrentarem os meses de internação, enquanto contribuem para o bem-estar dos bebês com iniciativas simples e significativas.”

Estadão conteúdo

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