Desmatamento no Morro Cechinel força fauna a sair do local

O desmatamento no Morro Cechinel, em Criciúma, tem levantado preocupações sobre a situação da fauna local. Animais como coatis, ouriços e gambás estão sendo frequentemente avistados em áreas urbanas da cidade, conforme monitoramento realizado pelo Movimento Fauna Ativa.

De acordo com o biólogo Vitor Bastos, membro do grupo, o aumento do registro de coatis na cidade chama atenção. “Algo interessante que venho observando — ainda nem cheguei a divulgar no Fauna Ativa — é o aumento do registro de coatis em áreas urbanas, o que não era comum. Por exemplo, estão sendo avistados no bairro Vila Floresta e ao longo da Luiz Lazzarin”, relatou Bastos durante entrevista ao programa Em Dia Com a Cidade, da Rádio Cidade em Dia.

Ele ainda mencionou o esforço para capturar e realocar um coati que está preso em uma área urbana entre os bairros Lote 6 e Veracruz. “Além disso, tenho registrado bastante ocorrência de ouriços e gambás ao redor do Morro. É possível que isso esteja relacionado aos loteamentos, já que esses animais acabam se deslocando mais.”

Apesar do movimento da fauna para áreas urbanas, as câmeras instaladas no interior da mata ainda registram uma presença considerável de animais. “Isso é positivo, porque mostra que, pelo menos na área preservada, eles ainda conseguem se manter. No entanto, com a redução progressiva da mata, isso pode mudar, pois os animais acabam precisando migrar em busca de recursos.”

Bastos explicou como a degradação do ambiente força os animais a se deslocarem, aumentando os gastos energéticos e os riscos à saúde de espécies mais vulneráveis, como o gato-maracajá, o coati e o cachorro-do-mato.

Outro problema destacado pelo biólogo é o alto número de atropelamentos de animais na rodovia Júlio Gaidzinski. “Desde criança, eu passava por ali e sempre via animais atropelados. Infelizmente, era a única forma de descobrir que tipo de mamíferos existiam na região, porque não os víamos vivos em outros contextos.”

Como solução, Bastos sugeriu a instalação de lombadas físicas no trecho da rodovia onde a mata é cortada. “Estive conversando com a Giovana Mondardo sobre a necessidade de instalar lombadas físicas naquele trecho. Isso ajudaria a reduzir os atropelamentos, que são muito frequentes.”

No entanto, ele lamenta a falta de atenção à causa: “O problema é que, como não envolve humanos sendo atropelados, ninguém se importa. Se fosse em frente a uma escola, as medidas seriam tomadas rapidamente. Mas, por ser fauna silvestre, a questão é ignorada.”

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