Obscenidade tributária

corrupção

Associados aos filósofos da discórdia, determinados brasileiros teimam em se imaginar diferentes dos demais nacionais. Se imaginam, mas não são. Tanto que, como parte da coletividade, são sacaneados por quase 600 políticos fixados em Brasília e não reagem. Aparentemente não se incomodam com o alto custo dos privilégios, da incompetência e da corrupção da turba que eles ajudam a escolher. Independentemente da direita ou da esquerda, o Brasil precisa de atitude do povo, eu e os antidemocratas incluídos.

Se alguém está feliz, eu estou pra lá de descontente vivendo em um país em que os recursos decorrentes da maior carga tributária do mundo são utilizados para bancar a maior corrupção do mundo. Tenho vergonha dessa vergonhosa farra com o dinheiro alheio. Se alguém nunca se apercebeu, eu tenho plena consciência de que quase metade do que ganho é para pagar as excelências que só não sujam nossas cabeças porque não nos alcançam.

Só na capital da República vivem às nossas custas um presidente e um vice, um governador e um vice, 513 deputados federais, 81 senadores, 24 deputados distritais, 11 ministros do STF, 33 do STJ, 27 do TST, 15 do STM, 9 do TCU, 48 desembargadores estaduais, 7 conselheiros do TCDF, numerosos procuradores federais e dezenas de milhares de servidores civis e militares com salários bem acima da média nacional. Também comem, passeiam e se locupletam por nossa conta 27 governadores e 27 vices,1.049 deputados estaduais, 5.570 prefeitos e 5.570 vice-prefeitos, além de 57.931 vereadores.

Só na cota de políticos, incluindo o STF, são 70.794 autoridades, assessoradas por cerca de 715.074 aspones sem concurso. Todos se acham nossos chefes. Conforme um recente levantamento econômico, o gasto com os senhores feudais do Brasil é estratosférico: 248 mil por minuto; 14,9 milhões por hora; 357,5 milhões por dia; 10,7 bilhões por mês, totalizando mais de 128 bilhões, excluídos o 9 bilhões do Fundo Partidário de 2024.

Estouramos a boca do balão caso seja computado o rombo na Previdência Social com suas aposentadorias alienígenas. A obscenidade tributária ultrapassa o abecedário. Depois da alimentação e dos medicamentos, sobra pouco para educação, saúde, moradia e vestuário. O que fazer? Nada, além de pagar de 15% a 27,5% do salário a título de Imposto de Renda e mais IPVA, IPTU, INSS, FGTS e o raio que nos parta. Deixamos chegar a esse ponto. Agora, é rezar e pedir a Deus para que nos livre de todos os males. Até lá, aceitemos o velho ditado de que pão de pobre só cai com a manteiga para baixo.

Armando Cardoso, jornalista

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