Black Friday: psicóloga alerta sobre consumo impulsivo e orienta para escolhas conscientes

Com dezembro batendo à porta, o espírito natalino começa a tomar conta das cidades, enquanto as vitrines e lojas online se preparam para a Black Friday. Tradicional no calendário de compras brasileiro desde 2010, esse é o dia que faz muitos consumidores aguardarem ansiosamente pelos “super descontos”, mas que também pode levar ao excesso e à compulsão. Para muitos, a Black Friday é mais que um evento de consumo; é uma válvula de escape emocional. Entre desejos e descontos, comprar pode virar um remédio momentâneo, mas com efeitos duradouros no bolso.

“Em datas como a Black Friday, o ato de comprar ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando dopamina — o neurotransmissor associado ao prazer. Mas essa sensação é passageira, e, com o tempo, pode levar a um ciclo de insatisfação que aumenta a necessidade de novas compras para manter a sensação de bem-estar”, explica Renata Silva, psicóloga especializada em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Segundo a especialista, muitos consumidores se veem reféns de pensamentos automáticos — ideias rápidas que surgem sem filtro, criando justificativas para o impulso, como: “Essa oportunidade não vai acontecer de novo”, “Eu mereço isso”, “Está barato, então vale a pena”, e “É só parcelar, vai caber no orçamento”.

Para Renata, o problema começa quando o consumo se torna uma maneira de aliviar o estresse ou compensar frustrações. “O impulso de comprar vem de uma busca por preencher lacunas emocionais, como compensar um dia difícil ou buscar a validação através de bens materiais. Identificar esses padrões ajuda a tomar decisões mais conscientes, reduzindo o impacto financeiro das compras impulsivas”, observa a psicóloga. Em sua prática, ela orienta os pacientes a questionarem esses pensamentos automáticos, buscando entender se realmente fazem sentido ou se estão simplesmente alimentando um ciclo de consumo desnecessário.

A psicóloga aconselha que, durante a Black Friday, os consumidores tentem manter o foco em um consumo consciente. Criar uma lista de prioridades e segui-la ajuda a não perder o controle. “Para um consumo mais consciente, recomendo criar uma lista de prioridades financeiras e usá-la como guia, especialmente em datas como a Black Friday. Antes de realizar uma compra, pergunte a si mesmo: ‘Isso é essencial?’; ‘Cabe no meu orçamento?’”, sugere Renata. “Ter essas questões em mente ajuda a evitar decisões impulsivas e a manter o foco no que realmente é importante para o seu bem-estar financeiro.”

E para quem busca evitar deslizes, Renata ensina uma técnica prática: listar os prós e contras de uma compra. “Uma técnica prática que oriento é a tomada de decisão com vantagens e desvantagens. Nela, a pessoa lista os prós e contras de fazer a compra e os prós e contras de não comprar. Esse exercício traz clareza e perspectiva, evitando decisões impulsivas.” Ela também alerta sobre o uso facilitado dos cartões salvos em sites e aplicativos, que acaba sendo uma grande armadilha. Se perceber que está comprando mais do que deveria, ela sugere até desinstalar os aplicativos durante o período da Black Friday. “O período pode ser uma oportunidade interessante para o consumo, desde que seja feito com consciência e equilíbrio”, finaliza Renata Silva.

Assim, a Black Friday, que para alguns representa uma oportunidade de consumo desenfreado, pode se transformar em uma prática de autocontrole e inteligência financeira. Ao fazer escolhas mais conscientes, é possível cultivar um equilíbrio saudável entre satisfação pessoal e responsabilidade financeira.

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