Violência contra crianças e adolescentes: 31% dos casos em SC foram contra menores de 9 anos

Cerca de 31% dos casos de violência contra crianças e adolescentes em Santa Catarina ocorreram contra menores de nove anos. Ao todo, foram  1.749 casos denunciados em 2023, conforme informou a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).

Casos de violência contra crianças e adolescentes em SC, foto em preto e branco mostra menina loita de cabelos longos, cabeça baixa e de costas

Cerca de 31% dos casos de violência contra crianças e adolescentes em SC acontece contra menores de nove anos – Foto: Pixabay/Divulgação

Os dados foram divulgados durante o 41º Congresso Brasileiro de Pediatria que ocorre em Florianópolis entre os dias 22 e 26 de outubro.

No Brasil, a notificação de qualquer suspeita ou confirmação de violência contra crianças e adolescentes é compulsória por lei. Todos os casos, mesmo a suspeita, devem ser reportados ao Conselho Tutelar, e, em situações mais graves ou que envolvem crimes como violência física, psicológica ou sexual, as delegacias de polícia e o Ministério Público também precisam ser notificadas.

O levantamento da SBP foi feito com base nos dados do Sinan (Sistema Nacional de Agravos de Notificação), mantido pelo Ministério da Saúde.

SC teve quatro casos de violência contra crianças e adolescentes por dia em 2023

Conforme os dados, que são referentes à 2023, Santa Catarina registrou 1.749 casos de violência contra crianças e adolescentes. O número é equivalente a quatro casos por dia denunciados.

O maior número de casos de violência ocorreu entre adolescentes entre 15 e 19 anos, 764 notificações, cerca de 43% dos casos. Cerca de 24% dos casos, 429, ocorreram entre  adolescentes de 10 a 14 anos.

O levantamento apontou 299 denúncias de violência contra crianças de cinco a nove anos, 143 contra crianças de um a quatro anos e 94 casos de violência contra bebês de menos de um ano.

Somados, os casos de violência contra menores de nove anos representam 31 % dos casos de violência contra crianças e adolescentes.

Números são a ponta do iceberg, médica alerta para sinais de violência

Apesar do número de registros, o presidente da SBP, dr. Clóvis Francisco Constantino acredita que os dados representam a ponta do iceberg.

A dra. Luci Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas na Infância e Adolescência da SBP, afirmou que a maior parte dos casos ocorre dentro de casa.

A médica alertou para os sinais que a comunidade e funcionários da área da saúde e educação precisam ficar atentos.

“A violência contra crianças e adolescentes é uma doença silenciosa que ocorre, na maioria das vezes, dentro de suas próprias casas. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde estejam atentos e sensíveis aos sinais de violência. Fraturas inexplicáveis ou específicas de traumas intencionais, relatos contraditórios ou lesões incompatíveis com o trauma descritos, ou com o desenvolvimento psicomotor da criança, são indicativos claros de que precisa de maior avaliação, diagnóstico, tratamento e proteção imediata”, alerta a doutora.

80% dos casos ocorre dentro de casa

Segundo a SBP, uma média de 196 casos de violência contra crianças e adolescentes de zero a 19 anos de idade foi notificada por dia nas unidades de saúde do Brasil ao longo de 2023. Além disso, cerca de 80% das agressões contra crianças até 14 anos acontecem dentro de suas próprias casas.

O estado de São Paulo lidera em todas as faixas etárias, com 17.278 registros de violência física, o que corresponde a uma média de quase 50 casos por dia no estado mais populoso do país. Minas Gerais surge como o segundo estado com mais notificações, contabilizando 8.598 casos em 2023. Em terceiro lugar, o Rio de Janeiro registrou 7.634 casos.

Além de Santa Catarina, o Paraná registrou 7.266 casos e o Rio Grande do Sul, 2.331. No Paraná, chama a atenção a elevada proporção de casos em menores de 10 anos, representando um terço das notificações.

Na região Nordeste, a Bahia aparece em destaque, com 3.496 ocorrências. Outros estados com números expressivos incluem o Ceará (com 2.954 casos) e Pernambuco (com 2.935 casos), especialmente entre adolescentes de 15 a 19 anos.

No Centro-Oeste, o estado de Goiás se destaca com 2.533 casos, dos quais 70% ocorreram entre adolescentes de 10 a 19 anos. Na região Norte, o estado do Pará se sobressai, com 2.357 notificações, sendo o mais afetado da região.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.