Mariquita-riscadinha é registrada pela segunda vez no Brasil


Ave foi avistada no Parque Estadual da Lagoa do Açu (Pelag), região norte do Rio de Janeiro. Vídeo mostra mariquita-riscadinha, espécie raramente vista no Brasil
A mariquita-riscadinha (Mniotilta varia) foi avistada pela segunda vez no Brasil, desta vez no Parque Estadual da Lagoa do Açu (Pelag), no norte fluminense. O registro, feito por Denílson Cordeiro, é uma grata surpresa aos observadores de aves, uma vez que o último e único avistamento da espécie ocorreu em São Paulo, em 2020.
Denílson, que observa aves desde 2013, compartilhou sua empolgação ao descrever o momento do avistamento. “Fiquei surpreso com o achado e muito empolgado. A sensação de felicidade foi intensa, e isso me motiva a continuar acreditando no potencial do Brasil para a observação de aves”, contou.
O momento do registro aconteceu enquanto Denílson observava um bico-chato-amarelo (Tolmomyias flaviventris). “De repente tive a atenção voltada para uma ave muito rápida e inquieta escalando os galhos mais grossos da parte arbórea da restinga em busca de insetos, quando olhei pela câmera percebi que se tratava de uma ave diferente, assim que fiz o registro comecei a tentar identificar”, explica ele.
Mariquita-riscadinha flagrada no norte do Rio de Janeiro
Denison Oliveira Cordeiro
A identificação da mariquita-riscadinha não foi fácil, dado o escasso conhecimento sobre a espécie no Brasil. “O maior desafio foi a falta de informação sobre ela, devido ter sido avistada apenas uma vez, mas pelo “jeitão” da ave deu pra chegar a conclusão de qual família seria e assim identificar”, conta o observador.
De acordo com Guilherme Serna, ornitólogo e Guia de Observação de Aves, a mariquita-riscadinha é típica da América do Norte, onde se reproduz durante o verão e migra durante o inverno, principalmente em direção à América Central, Caribe e norte da América do Sul.
“Durante essas migrações alguns indivíduos saem da rota convencional e acabam parando no norte da Europa e agora também mais ao sul da América do Sul, como ocorreu em São Paulo e agora no norte do Rio de Janeiro”, explica Guilherme.
Denílson enfatiza a importância de tais registros para a conscientização ambiental. “Esses registros são importantes para sensibilizar as pessoas sobre a importância de preservar o ambiente e as aves que vivem lá, isso traz visibilidade para o local e atrai boas práticas de exploração como a observação de aves através do ecoturismo”, conclui o observador.
Sobre a espécie
A mariquita-riscadinha é a única espécie do gênero Mniotilta. A ave pode pesar de 8 a 15 gramas e ter entre 11 a 13 centímetros de comprimento. O nome do gênero significa “moss-plucking”, traduzido para o português “arrancador de musgo”, uma referência ao seu hábito de sondar cascas e musgos em busca de insetos.
Além disso, a mariquita-riscadinha têm garras traseiras longas e pernas mais pesadas do que outras mariquitas, o que as ajuda a segurar e se movimentar na casca.
Como as outras mariquitas, a riscadinha é combativa: elas atacam e lutam com outras espécies que entram em seu território, como o chapim-de-cabeça-preta (Poecile atricapillus) e a trepadeira-azul-do-canadá (Sitta canadenses).
*Texto sob supervisão de Lizzy Martins
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