Após ser massacrada, Erika Hilton desabafa sobre interação com Oruam: “Errei no tom”

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Gente, estava fazendo leg press com 100 kg na academia, e durante o intervalo das três séries exaustivas, fui dar uma espiadinha nas redes sociais e me deparei com um pronunciamento da icônica e queridíssima Erika Hilton sobre suas dicas a um rapper polêmico sobre o que fazer em relação a morte de um jovem de uma comunidade.

Bem, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) rompeu o silêncio após ser detonada na web ao interagir com o rapper Oruam nas redes sociais. Na ocasião, a parlamentar havia respondido um questionamento do cantor sobre qual atitude tomar frente à morte de um jovem, de 24 anos, que estava em uma festa junina na comunidade de Santo Amaro e foi morto pela Polícia Militar.

“Tudo isso é organização popular. É fazer revolução com o pé no chão. Se quiser construir junto, tô por aqui. De verdade. Estamos juntos”, escreveu a deputada em um trecho da interação com o cantor.

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A deputada causou polêmica ao responder um questionamento de Oruam no X (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados | Dazed)

Após a resposta, Erika Hilton foi massacrada pelos internautas que alegaram apoio da parlamentar às ações contraditórias de Oruam.

“Errei na interação que fiz com um artista. Reconheço que errei no tom. […] Ele demonstrou interesse em se organizar politicamente. Eu, como uma deputada ciente dos movimentos que tentam criminalizar todos que vivem nas favelas, sugeri que Oruam fosse conhecer quem já faz um trabalho territorial em defesa das vidas negras e das periferias”, iniciou o desabafo.

Por meio de um longo texto e um vídeo de quase cinco minutos, a parlamentar se manifestou sobre as críticas que recebeu após interagir com o rapper no X, antigo Twitter.

“Foi uma tentativa de diálogo, uma tentativa na qual reconheço que não usei as melhores palavras. Nem conhecia o histórico completo dele naquele momento. Mas o que era pra ser uma troca, quase que uma obrigação minha, de intervir num momento de reflexão de uma figura do tamanho do artista, virou espetáculo”, recordou.

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Oruam consolando a mãe de Herus, jovem morto por PMs durante uma festa junina (Uendell Vinicius/Voz das Comunidades)

Revoltada, a deputada disse ter sido atacada por internautas que a acusaram de estar defendendo criminosos.

“Gente dizendo, pela centésima vez no ano, que a esquerda morreu, que existe uma conspiração contra gays brancas ou até mesmo que Oruam é um novo Che Guevara. Me acusaram até de “passar pano” pro crime.”

E reforçou: “Vamos deixar claro: não compactuo com homofobia, com misoginia, nem com qualquer forma de violência. E nunca vou deixar de defender as pautas LGBTQIA+ que carrego na pele. Mas também não vou fingir que uma figura como ele, mesmo com todas as suas contradições, não têm influência real na juventude.”

Erika Hilton afirmou que, se deixarmos de dialogar diante das contradições, a sociedade não conseguirá avançar: “E se recusarmos o diálogo ao nos depararmos com toda contradição, estaremos eternamente imóveis, enquanto a extrema-direita ocupa todos os espaços com ódio, mentira e bala.”

Ainda na publicação, a deputada recordou ações que fez com o apoio massivo de fãs de divas pop e achou que o mesmo aconteceria com a fanbase de Oruam, que é um artista influente para os jovens brasileiros.

“Não é a primeira vez que me esforço para conversar com públicos fora da bolha, como os próprios fãs-clubes de artistas e divas pop, e isso já trouxe vitórias concretas ao país. Seguirei fazendo política com coragem, com responsabilidade e com os olhos voltados pro povo real, e não pros algoritmos do Twitter”, reforçou.

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A parlamentar revelou que não pretende parar de lutar por dialogo em prol do avanço da sociedade (Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)

E sobre o massacre que recebeu, Erika Hilton garantiu que não recuará em relação aos valores que defende.

“Quem ganhou com esses ataques foram os transfóbicos, os racistas e os moralistas. A esses, eu respondo com mais luta, mais articulação e mais compromisso com as nossas periferias e com todos que têm futuros compulsórios na pobreza, na miséria e na violência”, finalizou.

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