O que se sabe sobre os ataques israelenses ao Irã

Foto: Jack GUEZ / AFP

Israel realizou desde a madrugada desta sexta-feira (13) ataques de uma magnitude sem precedentes contra instalações militares e nucleares no Irã, onde matou vários altos funcionários, ao que Teerã respondeu disparando dezenas de mísseis balísticos.

O chefe do Exército israelense indicou na noite desta sexta-feira que Israel continuava atacando o Irã “com toda a sua força”, e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfatizou que a operação, “uma das maiores operações militares da história”, durará “muitos dias”.

Os ataques, iniciados durante a noite por 200 caças contra uma centena de alvos, tiveram como principal objetivo a usina de enriquecimento de urânio em Natanz, no centro do país.

O Irã, cujo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, acusou as autoridades israelenses de terem “iniciado uma guerra”, respondeu disparando dezenas de mísseis balísticos contra Israel, ferindo várias pessoas.

Veja o que se sabe sobre a operação israelense batizada de “Leão Ascendente”:

– O que foi atingido? –

O Exército israelense disse que mobilizou 200 aviões para atacar cerca de 100 alvos em todo o Irã.

Netanyahu sublinhou que o ataque não foi “fruto do acaso” e lembrou que havia “ordenado a eliminação do programa nuclear iraniano”.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que a importante usina iraniana de enriquecimento de urânio de Natanz foi bombardeada, mas destacou que o nível de radiação na área não havia aumentado.

Foram registradas explosões em Teerã, onde a televisão estatal informou sobre incêndios e fumaça, inclusive em um quartel da Guarda Revolucionária, o exército ideológico iraniano, no leste da capital.

A televisão também relatou danos em edifícios residenciais e mortes de civis.

Outros ataques foram registrados contra três instalações militares no noroeste do Irã, embora Teerã tenha indicado que as instalações nucleares de Fordo e Isfahan não sofreram danos significativos.

A imprensa estatal iraniana confirmou a morte do chefe da Guarda Revolucionária, Hossein Salami, e do chefe do Estado-Maior, Mohammad Bagheri.

Seis cientistas nucleares morreram nos ataques, e 50 civis ficaram feridos, incluindo mulheres e crianças.

– A resposta iraniana –

Sirenes de alerta soaram por todo Israel, enquanto colunas de fumaça se elevavam sobre Tel Aviv, logo após um chamado à população para que buscasse refúgio.

Dezenas de mísseis balísticos iranianos foram disparados contra Israel, anunciou o Exército israelense. O Irã afirmou que atacou “bases e infraestruturas militares” em Israel.

O líder supremo iraniano ameaçou Israel com um destino “doloroso”, e o presidente do Irã, Masud Pezeshkian, declarou que seu país faria Israel “se arrepender” do ataque.

O novo chefe da Guarda Revolucionária, Mohamed Pakpur, prometeu abrir “as portas do inferno” para Israel.

O espaço aéreo do Irã está fechado até novo aviso, assim como o do Iraque.

Israel declarou estado de emergência em todo o território e também fechou seu espaço aéreo. O Exército indicou que interceptou drones lançados em grande número a partir do Irã.

“Esperamos estar expostos a várias ondas de ataques iranianos”, afirmou Netanyahu.

O Exército anunciou o envio de reservistas “em todas as frentes ao longo do país”.

– O papel dos Estados Unidos –

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou ao canal Fox News que havia sido informado sobre os ataques israelenses.

Enquanto seu país conduz negociações indiretas com o Irã sobre o programa nuclear, Trump instou as autoridades iranianas a “fecharem um acordo antes que não reste nada”, já que os “próximos ataques” de Israel seriam “ainda mais brutais”.

Ele também garantiu que os Estados Unidos estão preparados para se defender e defender Israel caso o Irã tome represálias, segundo a emissora.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, por sua vez, declarou que Washington não estava envolvido no ataque israelense.

Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos havia anunciado que Israel poderia atacar as instalações nucleares do Irã. Mas publicamente havia instado Israel a não realizar tais ataques, afirmando que um acordo sobre o programa nuclear estava próximo.

– Por que agora? –

Israel considera a República Islâmica uma ameaça existencial.

Segundo o Exército israelense, há dados de inteligência que revelam que o Irã está se aproximando de um “ponto de não retorno” em seu programa nuclear.

Israel e as potências ocidentais acusam Teerã de querer desenvolver armas nucleares, o que Teerã nega.

Israel pediu uma ação global depois que a AIEA acusou o Irã de descumprir suas obrigações.

Os Estados Unidos tinham indicações de que um ataque militar israelense era possível.

A sexta rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano entre Washington e Teerã estava programada para domingo, em Omã.

– Quais foram as reações? –

O secretário-geral da ONU, António Guterres, fez um apelo à “máxima moderação”, assim como a chefe da diplomacia da União Europeia. A Otan desejou uma “desescalada”, e Londres e Paris instaram as partes à “moderação”.

O Irã, com o apoio da Rússia e da China, conseguiu convocar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU.

Pequim declarou estar “preocupado”, enquanto Moscou denunciou os ataques israelenses como “inaceitáveis” e “não provocados”.

O chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, declarou a seu homólogo italiano, Antonio Tajani, que o Irã esperava “em particular da União Europeia uma condenação a este ataque criminoso”.

O movimento islamista palestino Hamas advertiu que os ataques israelenses ameaçam “desestabilizar a região”, enquanto a Arábia Saudita condenou as “claras agressões”.

Omã, sede das negociações entre Teerã e Washington, criticou os ataques como uma “escalada perigosa” que ameaça a estabilidade regional.

As companhias aéreas Emirates e Qatar Airways cancelaram seus voos para o Irã e o Iraque após os ataques, e o tráfego aéreo foi suspenso no principal aeroporto de Teerã.

Os preços do petróleo subiram até 12% devido aos ataques israelenses, enquanto o Irã afirmou que suas refinarias e depósitos de petróleo não sofreram danos.

© Agence France-Presse

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