Governo Trump faz manobra jurídica e se recusa a soltar Mahmoud Khalil

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O governo Donald Trump disse nesta sexta-feira (13) que não vai soltar o ex-estudante da Universidade Columbia e ativista pró-Palestina Mahmoud Khalil mesmo depois de uma ordem judicial determinando que ele não poderia permanecer preso com base em justificativas de política externa.

Agora, o Departamento de Justiça disse ao juiz Michael Farbiarz, que tomou a decisão da quarta (11), que a justificativa para a detenção de Khalil é outra -ele estaria preso por irregularidades no seu processo de obtenção de visto, e não por ameaça à segurança nacional e aos interesses de política externa dos EUA, como afirmava o Departamento de Estado.

As supostas irregularidades dizem respeito a informações que Khalil teria omitido em entrevistas de obtenção do green card, a permissão de residência permanente dos EUA.

Ele nega ter dado informações falsas ou incompletas. Essa questão já foi citada pelo governo antes, e o juiz Farbiarz havia dito que ela não justificaria a prisão -entretanto, o magistrado negou um novo pedido da defesa de Khalil para soltá-lo na sexta, dizendo que o juiz de imigração do caso deveria se pronunciar.

Quando determinou a soltura de Khalil na quarta, Farbiarz decidiu que a ordem passaria a valer somente na sexta, para que o governo tivesse tempo hábil de recorrer. Em uma manobra jurídica incomum, entretanto, o Departamento de Justiça não fez isso, simplesmente comunicando que manteria Khalil preso sob a nova justificativa -que foi aceita, por ora, por Farbiarz.

Khalil foi preso em março pelo ICE, o serviço de imigração americano, apesar de ser portador de green card. Ele também não foi acusado de crime -o governo disse que sua presença em território americano era contrária aos interesses de segurança e de política externa do país, e que havia revogado seu green card por causa disso.

Khalil foi um dos líderes das manifestações na Universidade Columbia contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza. Os protestos foram atacados por Trump ainda na campanha eleitoral como antissemitas e, uma vez no poder, o presidente justificou sua investida contra universidades de elite dizendo que elas não agiram da maneira que deveriam contra as manifestações.

Khalil, que deu uma série de entrevistas na época, era frequentemente citado por trumpistas como um dos alvos de futura retaliação -que se concretizou no dia 8 de março de 2025, quando agentes do ICE à paisana prenderam o ativista na moradia estudantil de Columbia sem mandado e o enviaram para a Louisiana, a milhares de quilômetros de distância de sua esposa e de seus advogados. O ex-estudante está em um centro de detenção naquele estado desde então.

O advogado Marc Van Der Hout, que lidera a defesa de Khalil, disse que detenções de pessoas acusadas de fraude no processo de imigração são extremamente raras, e que ele está sendo punido por se expressar contra Israel e o apoio americano à guerra em Gaza.

A esposa de Khalil, que é cidadã americana, deu à luz o filho do casal em abril, e o juiz de imigração do caso na Louisiana recusou um pedido para que o ativista pudesse acompanhar o parto.

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