Santa Catarina enfrenta um cenário crítico de superlotação hospitalar devido ao avanço das Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG). Nesta sexta-feira (13), o estado registrou 93,9% de ocupação nos leitos de UTI, segundo dados do Centro de Informações Estratégicas para a Gestão do SUS (Cieges/SC).
Diante do aumento expressivo de casos e internações, o governo estadual decretou situação de emergência na noite de quinta-feira (12). A medida, válida por 180 dias, permite ao Estado requisitar temporariamente leitos, ambulâncias, respiradores e outros recursos de instituições públicas e privadas, com ou sem fins lucrativos.
“O Estado pode, por exemplo, requisitar leitos ou ambulâncias de um hospital privado para garantir atendimento à população. Isso está previsto na Constituição Federal e na Lei do SUS”, explica Sabrina Sabino, médica infectologista e professora na Universidade Regional de Blumenau.
Superlotação das ITIs preocupa
Atualmente, dos 1.423 leitos de UTI ativos em Santa Catarina, apenas 87 estão disponíveis — número que inclui unidades neonatais, pediátricas e adultas. A situação é mais grave na região Norte, com apenas cinco leitos disponíveis entre os 290 existentes. No Oeste do estado, há somente dois leitos livres.
Em resposta, novas estruturas de UTI já foram abertas em hospitais públicos de Indaial, Criciúma e Itajaí, segundo o secretário estadual de Saúde, Diogo Demarchi. Também estão em andamento negociações para contratar leitos em hospitais privados na Grande Florianópolis.
A Secretaria de Estado da Saúde (SES) justificou o decreto devido ao “elevado risco sanitário” causado pelo crescimento nas internações. O avanço da gripe Influenza, da Covid-19 e de outros vírus respiratórios contribui para a atual pressão sobre o sistema de saúde.
Casos e óbitos em alta
Entre janeiro e a primeira semana de junho de 2025, foram registrados mais de 1.200 casos de SRAG por Influenza ou gripe grave — um aumento de cerca de 30% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 932 registros. O número de óbitos dobrou: 142 mortes este ano, contra 67 no ano passado.
A população idosa é a mais afetada: pessoas com mais de 60 anos representam 46,9% dos casos confirmados de SRAG por Influenza. Já as crianças de até 4 anos somam 20,4% dos registros. Dos 142 óbitos, 124 foram de pessoas com 50 anos ou mais.
A médica Sabrina Sabino reforça que o decreto facilita a resposta do sistema de saúde, mas que sua eficácia depende de uma boa implementação.
“Para haver redução significativa no número de mortes, o decreto precisa ser bem operacionalizado. Além disso, a população deve manter medidas preventivas como vacinação, higiene e uso de máscaras em situações recomendadas”, ressalta.
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