Inadimplência da Pixbet com o Flamengo expõe a fragilidade da dependência dos clubes nas casas de apostas

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O Flamengo, clube que ostenta uma das camisas mais valiosas do futebol mundial, começa a enfrentar um problema recorrente no atual modelo de financiamento dos times brasileiros: a instabilidade nas parcerias com casas de apostas. Segundo o portal UOL, a Pixbet — empresa paraibana que ocupa o principal espaço no uniforme rubro-negro — tem atrasado os pagamentos referentes ao contrato de patrocínio master firmado com o clube.

Os atrasos, ainda de acordo com a reportagem, começaram a se intensificar a partir de dezembro de 2024, após mudanças na regulamentação do setor de apostas no Brasil. Embora a Pixbet venha conseguindo quitar as parcelas devidas, os pagamentos não têm sido realizados dentro do prazo contratual. Hoje, a marca tem a obrigação de repassar trimestralmente ao Flamengo cerca de R$ 30 milhões.

A relação, que já foi apontada como uma das mais estratégicas do mercado esportivo, agora passa a ser monitorada com atenção tanto pelo clube quanto pelo mercado. O cenário abriu espaço para investidas de outras gigantes do setor, como Betano e Sportingbet, que têm sondado o Flamengo diante da instabilidade do atual parceiro.

Essa vulnerabilidade expõe um dilema que não é exclusivo do clube carioca. Dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, 19 possuem contratos com empresas de apostas. Um modelo de patrocínio que, ao mesmo tempo em que injeta cifras milionárias no futebol brasileiro, também cria uma relação de dependência e alto risco. Basta lembrar o recente caso do Corinthians, que rompeu uma conturbada relação com a VaideBet após escândalos envolvendo intermediários e comissões suspeitas.

No caso do Flamengo, o contrato com a Pixbet foi firmado no início de 2024, quando a empresa paraibana triplicou os valores pagos até então pelo BRB, antigo patrocinador master do clube. Com a nova parceria, o BRB foi deslocado para uma posição secundária na camisa. A aposta da Pixbet foi agressiva, e a relação chegou a ser considerada tão auspiciosa que, em determinado momento, o clube cogitou até criar uma casa de apostas própria com o nome “Flamengo Bet” — marca que seria operada justamente pela Pixbet. Mas, ao que tudo indica, o projeto acabou sendo engavetado diante do novo cenário de incerteza.

Por ora, o Flamengo mantém o contrato vigente e tenta conduzir o caso sem grandes rupturas públicas. No entanto, o episódio serve de alerta para um modelo de negócios que se tornou dominante no futebol brasileiro, mas cuja solidez depende diretamente da saúde financeira e da estabilidade jurídica de um setor ainda em consolidação no país.

No pano de fundo de tudo isso, permanece a máxima do futebol: se um patrocinador sai, outro já está na fila. No mundo das bets, a fila nunca para.

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