Europa pede contenção a Israel e Irã após ataques

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JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
BERLIM, ALEMANHA (FOLHAPRESS)

A Europa amanheceu nesta sexta-feira (13) sob frenética troca de telefonemas e mensagens. O ataque de Israel a alvos no Irã na véspera, já madrugada na Europa, estabeleceu uma ofensiva diplomática pelo suporte europeu à operação. O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, conversou com diversos líderes europeus, assim como o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu.

Segundo a imprensa israelense, Sa’ar afirmou a Kaja Kallas, chefe da política externa da União Europeia, que o Irã estava prestes a se tornar “o maior fabricante de mísseis do mundo”, estendendo o risco em potencial para o continente europeu. Ao chanceler francês, Jean-Noël Barrot, Sa’ar afirmou que a operação continuará até que o objetivo israelense seja atingido, “eliminar a ameaça existencial a Israel”.

Horas depois, no começo da tarde na Europa, Emmanuel Macron declarou em postagem no X que a França “condenou repetidamente o programa nuclear iraniano em curso” e “reafirma o direito de Israel a se defender e garantir a sua segurança”. “Para evitar comprometer a estabilidade de toda a região, exorto todas as partes a exercerem a máxima contenção e a abrandarem a tensão”, ponderou na mesma mensagem o presidente francês.

O termo “máxima contenção” também surgiu na manifestação de Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia. “A Europa insta todas as partes a exercerem a máxima contenção, a desescalarem imediatamente a situação e a absterem-se de retaliar”, escreveu a presidente da Comissão Europeia.

O diálogo interno também foi intenso. Macron, Friedrich Merz e Keir Starmer conversaram logo pela manhã. O primeiro-ministro alemão foi contatado por Binyamin Netanyahu durante a madrugada. O premiê israelense relatou os ataques ao Irã e os alvos da operação. A imprensa alemã chegou a publicar que a conversa havia ocorrido antes da operação.

O presidente americano Donald Trump afirmou em rede social e entrevistas que estava ciente dos planos israelenses. Coube ao secretário de Estado, Marco Rubio, esclarecer na sequência que os EUA não tiveram envolvimento nos ataques.

Alemanha e Israel estavam colecionando atritos nos últimos dias devido à situação humanitária em Gaza.

Na semana passada, em momento de tensão na relação entre os dois países, o chanceler Johann Wadephul declarou que a “Alemanha tem um compromisso com a segurança e a existência do Estado de Israel, e também com o direito internacional”. “São dois lados da mesma moeda”, disse o ministro em entrevista ao lado de um constrangido Sa’ar.

Wadephul deixava claro que o fornecimento de armas continuaria, mas que Israel estava no limite do tolerável ao bloquear a assistência à população palestina. O debate sobre armar Israel dominou a esfera pública e política europeia nos últimos dias, mas evidentemente fica de lado a partir da ofensiva do país contra o Irã e suas instalações nucleares.

Além de Merz, Netanyahu conversou com Macron e Narendra Modi, o primeiro-ministro da Índia.

Segundo seu gabinete, o premiê tinha expectativa de contatar Trump e o presidente russo, Vladimir Putin, ainda nesta sexta. “Os líderes demonstraram compreensão em relação à necessidade de Israel se defender contra a ameaça de aniquilação iraniana”, disse o governo israelense em comunicado.

Netanyahu se antecipa à reunião do Conselho de Segurança da ONU, que se reunirá nas próximas horas a pedido do Irã, de acordo com a Reuters. “Essas ações ultrajantes representam não apenas uma grave violação da soberania e integridade territorial do Irã, como Estado soberano membro da ONU, mas também constituem atos de agressão e crimes de guerra”, declarou o chanceler Abbas Araghchi em carta às Nações Unidas.

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