Por Camila Coimbra
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O anseio por promoções, como o período da black friday, tornam os consumidores mais suscetíveis a golpes virtuais. Com a proximidade das grandes promoções, criminosos digitais intensificam táticas para roubar dados pessoais e bancários. Como é o caso de Mayara Dourado, de 34 anos, é administradora e sofreu de um golpe virtual. Ela conta que enquanto acessava o Instagram foi atraída por um anúncio de uma loja de roupas. O anúncio chamou sua atenção por estar oferecendo produtos que ela já procurava há um tempo e, além disso, com preços promocionais muito atrativos. A loja tinha muitos comentários positivos, o que aumentou a confiança de Mayara para prosseguir e realizar a compra.
Ela interagiu com uma atendente da loja, que oferecia suporte direto, o que incluía fotos dos produtos e ajuda com a escolha das numerações. Com essa interação, Mayara se sentiu ainda mais confiante e fez um pagamento via Pix, aproveitando um desconto adicional de 15%. No total, ela investiu cerca de R$ 2.000, pois as peças, com preços acessíveis, variavam em torno de R$ 200 cada.
Nos primeiros dias após a compra, a loja forneceu um código de rastreamento, o que manteve Mayara tranquila. No entanto, conforme o tempo passou, ela começou a perceber sinais suspeitos, como falta de comunicação e informações vagas. Mesmo assim, ela ainda acreditava que receberia o produto, pois se agarrou à esperança de não ter perdido o valor investido.
Após alguns dias, ao tentar acessar o site novamente, ela se deparou com uma página fora do ar e notou que todos os canais de contato haviam desaparecido. Foi nesse momento que Mayara percebeu que havia sido vítima de um golpe. “Até o último momento, eu quis acreditar”, desabafou, expressando sua frustração e tristeza com o ocorrido.
Rodrigo Fragola, especialista em crimes cibernéticos, explicou que os golpes virtuais mais comuns envolvem a falsificação de sites e perfis de lojas em redes sociais, golpes de phishing, criação de anúncios enganosos e manipulação de marketplaces. Segundo ele, os criminosos utilizam inteligência artificial avançada para copiar sites de marcas renomadas, replicando inclusive anúncios e detalhes gráficos, o que dificulta a identificação entre páginas legítimas e fraudulentas. Em redes sociais, os golpistas costumam roubar contas para transformá-las em lojas falsas, onde desativam os comentários. Essa tática evita denúncias e mantém os perfis ativos, já que não infringem diretamente as políticas das plataformas. O modus operandi geralmente envolve ofertas atraentes, descontos elevados e promessa de entrega rápida, incentivando o consumidor a efetuar o pagamento antes do envio do produto, o qual, na maioria das vezes, não é entregue.
Para se proteger, Fragola recomenda verificar sempre o endereço do site, que deve conter o prefixo “https://” e o símbolo de cadeado. Ao clicar no cadeado, o consumidor consegue confirmar o nome e o domínio da empresa, verificando se é confiável. Ele sugere consultar plataformas como o Reclame Aqui para verificar a reputação da loja e optar por intermediários de pagamento confiáveis, como PayPal ou Mercado Pago, que oferecem proteção em caso de problemas com o produto. Fragola alerta sobre descontos muito altos e sites com produtos abaixo do valor de mercado, aconselhando também a desconfiar de contas de redes sociais que desativam comentários e verificar a existência de perfis semelhantes que possam indicar fraude. Ele reforça que a combinação dessas práticas pode ajudar o consumidor a evitar cair em golpes.
Ao analisar o caso de Mayara, que comprou roupas em uma loja virtual e não recebeu os produtos, apontou que ela poderia ter utilizado um intermediário de pagamento, como o PayPal, que libera o pagamento ao lojista somente após a confirmação da entrega. Além disso, ele ressaltou a importância de verificar o “https://” e o cadeado no site, além de consultar a loja em plataformas de avaliação, como o Reclame Aqui, para checar a confiabilidade da empresa.
Rodrigo explicou que os golpistas estão inovando ao explorar redes sociais, clonar sites e criar perfis falsos em plataformas de venda direta. Eles utilizam IA para criar páginas quase idênticas a sites confiáveis e para replicar anúncios tentadores. Outra técnica é o roubo de contas em redes sociais, transformando-as em lojas falsas com comentários desativados. Para tornar as fraudes mais eficazes, os criminosos também personalizam ataques de phishing, coletando informações detalhadas sobre as vítimas.
Yuri Andrade, analista de segurança da informação e hacker ético, explica que muitos usuários cometem erros comuns que acabam facilitando golpes virtuais. Entre esses erros, destacam-se o uso de senhas fracas e repetidas em várias contas, o que facilita o acesso a múltiplos serviços; o hábito de clicar em links suspeitos em e-mails e mensagens sem verificar a fonte; o compartilhamento excessivo de informações pessoais nas redes sociais, tornando-se alvos fáceis para ataques personalizados; o descuido com atualizações de segurança de software, deixando dispositivos vulneráveis; e a confiança em mensagens que parecem oficiais, sem confirmar sua autenticidade por meio de canais verificados.
Para proteger-se desses golpes, Andrade recomenda práticas como a autenticação em dois fatores (2FA), que exige uma verificação adicional e reduz o impacto de senhas comprometidas; o uso de gerenciadores de senhas, que permitem criar e armazenar senhas complexas e únicas, sempre optando por ferramentas confiáveis e com criptografia; a ativação de atualizações automáticas, que garantem que dispositivos e aplicativos estejam sempre protegidos contra vulnerabilidades conhecidas; e a educação contínua em segurança digital, mantendo-se informado sobre novas ameaças e fraudes para prevenir ataques.
Ele também sugere algumas dicas para reconhecer possíveis golpes: verificar a origem de e-mails, mensagens e links, observando com atenção os domínios e remetentes suspeitos; desconfiar de mensagens com urgência exagerada ou promessas de prêmios fáceis, táticas comuns para manipular usuários; e confirmar informações por meio de canais oficiais, evitando responder diretamente a contatos não verificados. Dessa forma, as pessoas podem estar mais atentas e preparadas para proteger seus dados e reduzir as chances de cair em fraudes virtuais.