Lula intervém após prefeito de Mariana (MG) ser vaiado em evento do governo

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ARTUR BÚRIGO
BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS)

O presidente Lula (PT) criticou nesta quinta-feira (12) as vaias de seus apoiadores durante discurso do prefeito de Mariana, Juliano Duarte (PSB), em cerimônia do governo federal no município.

Ele repetiu um gesto e depoimento que costuma fazer quando há pronunciamentos de políticos opositores e que são recebidos de forma negativa por filiados ao PT e outros apoiadores.

“Hoje é um dia institucional, quando terminar o ato a política regional pode voltar ao local e cada um falar o que quiser. Nesse ato o prefeito é convidado, não tem sentido convidar e ele ser mal recebido. Deixa acabar o ato, quando começar a campanha, mas hoje não”, disse Lula.

O prefeito de Mariana agradeceu ao presidente e seguiu seu discurso. Em determinado momento, chegou a falar que seu partido, o PSB, faz parte da base política do governo ao solicitar que o município seja incluído no programa Minha Casa Minha Vida. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, é filiado à sigla.

O presidente estava no local para celebrar o acordo de R$ 170 bilhões para a tragédia de Mariana, que foi assinado no ano passado. A cidade está entre as que devem receber a maior parte da verba da repactuação, mesmo não assinando de forma individual o pacto.

“Não pensem que foi fácil construir esse acordo porque estava oito anos parado e ninguém negociava, disse Lula”.

Apesar da cerimônia servir para celebração do acordo, um representante dos atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão criticou o valor das indenizações individuais acertado entre a União, os governos estaduais e a mineradora Samarco e suas controladoras, BHP e Vale.

“O PID [Programa Indenizatório Definitivo] pode ser chamado de programa de ilusão definitiva, porque não contempla a vida de todas as pessoas”, disse Mauro Marques da Silva, representante da comissão de atingidos.

“Presidente, não nos recrimine por talvez não aceitar os R$ 35 mil que serão pagos aos atingidos diretos, assim como não recrimine o município que não aderiu ao acordo. Buscaremos a ética e a justiça seja em Mariana, Brasilia, Londres, Holanda ou onde quer que ela esteja”, completou.

Ele se referiu a processos movidos no exterior contra a BHP, em Londres, e a Vale na Holanda. Essa é a razão para parte dos atingidos não terem aderido ao PID e por Mariana, ao lado e outros municípios, não terem assinado o acordo de reparação no Brasil.

Até o momento, 139 mil pessoas aderiram ao PID, sendo que mais de 50 mil pagamentos já foram realizados. As inscrições para o programa estão abertas até o dia 4 de julho.

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