CATARINA SCORTECCI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS)
Convidados para falar com o setor da construção em Curitiba nesta quinta-feira (12), os três governadores do Sul aproveitaram para criticar o governo federal e dar recados sobre 2026.
Sem citar nominalmente o presidente Lula (PT), houve a defesa de “um estado menos burocrático”, inclusive em relação a licenciamentos ambientais, e contrariedade ao aumento de tributos proposto pela Fazenda.
“Não há nenhum apetite do governo federal de fazer reformas estruturantes, reforma administrativa, revisão de gastos previdenciários, que ajudem o país a colocar as contas em ordem e tirar o peso dos contribuintes”, disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), que já admitiu interesse na disputa ao Planalto em 2026, assim como o correligionário Ratinho Junior (PSD), governador do Paraná.
Leite afirmou ainda que o Congresso Nacional “tem que dar o seu recado e mostrar que o caminho para o país não é de aumento de impostos, e sim de redução de custos da máquina”.
Ao final do evento, questionado sobre 2026, Leite afirmou que “a gente tem que construir uma alternativa para o país” e que “está na hora de uma nova geração assumir o protagonismo”.
Sem definição sobre qual rumo o PSD de Gilberto Kassab seguirá no ano que vem, Ratinho Junior e Leite têm trocado elogios.
“É um privilégio do PSD ter o governador Eduardo Leite. Fazemos parte da mesma geração. É um gestor testado, qualificado, que pegou talvez um dos maiores desafios do país, em questões financeiras, questões climáticas”, disse Ratinho à imprensa.
Para a plateia, Ratinho disse que é necessário “virar a página” e “modernizar o Brasil”. “O Brasil virou o país do ‘não pode’. Preciso abrir uma rodovia, não pode. Uma ferrovia, não pode”, citou ele, antes de criticar o que chama de “enorme burocracia” para emissão de licenciamentos ambientais.
Possível candidato à reeleição ao Governo de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL) também disse à plateia que ali ao lado dele estavam “dois jovens preparados e que podem promover uma boa transformação para o país”.
“Não tenho dúvida que a direita e a centro direita vai vencer [em 2026]. PT já estragou demais o Brasil”, disse Jorginho, aplaudido por boa parte da plateia.
Fiel aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o mandatário de Santa Catarina repetia até aqui o discurso do PL, no qual Bolsonaro, que está inelegível, segue colocado como o nome do partido em 2026.
Nesta quinta, ao serem questionados pela Folha sobre o interrogatório de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal) e como avaliavam o impacto de uma eventual condenação, apenas Leite respondeu, de maneira genérica.
“É o Judiciário fazendo sua avaliação, sua análise. Tem um processo transcorrendo. Sempre confiei muito na Justiça brasileira, com todos os feitos e defeitos. É composta por seres humanos, que acertam, erram. Tivemos o julgamento do presidente Lula, agora do ex-presidente Bolsonaro, e em ambos os casos eu respeito muito a tarefa do Judiciário de fazer suas avaliações”, disse o governador do Rio Grande do Sul.