NICOLA PAMPLONA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – Alvo de protestos por pressionar a abertura de novas fronteiras para exploração de petróleo no país, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou nesta terça-feira (10) que o Brasil deve se orgulhar de produzir o combustível fóssil.
Ela disse ainda que a estatal “vai chegar lá” na exploração de petróleo na bacia Foz do Amazonas, considerada a principal aposta do setor para ampliar as reservas brasileiras e principal foco dos protestos de organizações ambientalistas.
Nesta terça-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou o coro dos críticos ao dizer que o megaprojeto de exploração de petróleo na região “não é bom para o clima”. “Penso que há outros projetos alternativos que permitem criar empregos e valor”, afirmou.
No Rio de Janeiro, em evento da Firjan (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro) que se tornou um ato em defesa da ambição brasileira por novas fronteiras exploratórias, Magda disse que “a gente não tem vergonha de produzir petróleo”. “Pelo contrário, nos orgulhamos de produzir petróleo”, prosseguiu.
“O petróleo é hoje o primeiro produto na balança comercial brasileiro. O petróleo é a mola propulsora do desenvolvimento do estado do Rio de Janeiro”, argumentou, citando o estado responsável por cerca de 85% da produção nacional.
Ela afirmou que, quando comandava a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis), coordenou um programa de diversificação geográfica da produção, com a licitação de áreas exploratórias nas regiões Nordeste e Norte, incluindo os blocos da Foz do Amazonas hoje alvos de embate.
“Não deu ainda, mas nós estamos chegando lá, nós estamos aumentando esse investimento. Em Sergipe e Alagoas [onde a estatal já fez grandes descobertas] estamos chegando. Na margem equatorial, nós continuamos insistindo. Vamos chegar lá também”, disse.
A estatal tenta obter licença ambiental para a perfuração de um poço no bloco 59 da bacia da Foz do Amazonas. O processo depende ainda de uma simulação operacional do poço, que a Petrobras solicita fazer em meados de julho.
Magda disse que está confiante na obtenção da licença. A sonda de perfuração contratada para o poço deixou o Rio de Janeiro no sábado (7) a caminho do Amapá. Mas passaria na Bacia de Campos, no litoral norte do Rio, para buscar equipamentos.
No evento da Firjan, a diretora de estudos de Petróleo e Gás da estatal EPE (Empresa de Planejamento Energético), Heloisa Borges havia iniciado a defesa da abertura de novas fronteiras antes do discurso da presidente da Petrobras.
“Em todos os cenários de longo prazo, o petróleo aparece. Não há visões de futuro possíveis em que os hidrocarbonetos não estão presentes, movimentando a economia brasileira e a economia mundial”, afirmou ela, defendendo que cortes na produção sejam iniciados por países desenvolvidos e não pelo Sul Global.