
Durante entrevista ao programa Roda Viva nesta segunda-feira (9), o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), afirmou que pediria a prisão do juiz responsável por liberar o cantor MC Poze do Rodo, caso o episódio tivesse ocorrido em seu estado.
A declaração se refere à soltura do funkeiro, preso no dia 29 de maio no Rio de Janeiro, sob suspeita de apologia ao crime e envolvimento com o tráfico de drogas, e libertado por decisão do Tribunal de Justiça fluminense.
Caiado criticou duramente a decisão judicial e disse que não acataria a ordem caso estivesse em sua jurisdição.
“Não é porque ele é um juiz que ele é Deus, ou dono da verdade. Como é que uma pessoa que se intitula como membro ativo de uma facção criminosa, Comando Vermelho, que é visto nos shows portanto pistola e dando tiro de fuzil. Então quer dizer que o juiz diz: ‘mas as condições da prisão… ele deve ser solto’. O que é que você transmite para o seu filho? Nessa hora eu teria pedido ao presidente do Tribunal de Justiça que prendesse esse juiz”, declarou.
Ronaldo Caiado, governador de Goiás, opina sobre o caso da prisão do MC Poze do Rodo.
Sobre o tema, Caiado questiona ao #RodaViva: “Isso é maneira de acomodar aqueles que estão envolvidos com o crime?”. pic.twitter.com/E1qSD7oVpj
— Roda Viva (@rodaviva) June 10, 2025
A ordem de soltura foi assinada pelo desembargador Peterson Barroso, que justificou a decisão apontando ausência de provas materiais contra o artista no momento da prisão.
“Não havia comprovação, por ora, de que ele estivesse com armamento, drogas ou algo ilícito em seu poder”, escreveu.
O magistrado também criticou o modo como a Polícia Civil conduziu a detenção: “Há indícios que comprometem o procedimento regular da polícia. Pelo pouco que se sabe, o paciente teria sido algemado e tratado de forma desproporcional, com ampla exposição midiática — fato a ser apurado posteriormente”.
Prisão ocorreu após show em comunidade dominada por facção
MC Poze do Rodo, nome artístico de Marlon Brendon Coelho Couto Silva, foi preso em casa, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio.
Segundo a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), o artista teria feito um show na Cidade de Deus no dia 17 de maio, com a presença de homens armados e músicas que exaltariam a facção Comando Vermelho.
Dois dias após a apresentação, um policial foi assassinado na mesma região.
A investigação, mantida sob sigilo, utiliza vídeos e letras de músicas como parte das provas.
Na operação que resultou na prisão, foram apreendidos uma BMW avaliada em R$ 1 milhão e joias já anteriormente liberadas pela Justiça.
A polícia também solicitou a quebra de sigilo de aparelhos telefônicos do artista.
Justiça concede habeas corpus, mas artista segue preso no dia
A decisão de habeas corpus foi concedida na segunda-feira anterior (02 de junho), mas Poze só deixou a prisão no dia seguinte por conta do horário em que a ordem foi expedida.
A informação foi confirmada pelo Portal iG e comemorada nas redes sociais pela esposa do funkeiro, Viviane Noronha. “Obrigada, Jesus! Saiuuu a decisão. MC não é bandido, aceitem”, escreveu ela no Instagram.
Em vídeo publicado posteriormente, Viviane também celebrou: “Saiu a decisão certona. Vencemos mais uma, graças a Deus. Deu tudo certo. Mas, por conta do horário, ele não foi solto hoje. Essa é nossa última noite longe. Graças a Deus vencemos, deu tudo bom. Amanhã, voltamos pra casa, com o meu chaveirinho”.
A Secretaria de Administração Penitenciária informou que, ao ingressar no sistema, o cantor foi enviado para Bangu 3, unidade que abriga presos ligados ao Comando Vermelho, e classificado com grau de periculosidade médio após declarar vínculo com a facção.
Histórico e trajetória de MC Poze do Rodo
Marlon Brendon tem 26 anos e nasceu na favela do Rodo, em Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
Ele ganhou notoriedade no funk carioca no fim dos anos 2010 e soma mais de 15 milhões de seguidores nas redes sociais.
Entre seus maiores sucessos estão “Diz Aí Qual É o Plano?” e “A Cara do Crime”.
Além da investigação, ele já foi preso em 2019 por apologia ao crime em Mato Grosso e foi alvo da Operação Rifa Limpa em 2023, por promover sorteios considerados ilegais.
Atualmente, responde também a dois inquéritos por suposta tortura a um ex-empresário e por perturbação do sossego.