A crônica esportiva e o samba do Distrito Federal perderam no último domingo uma de suas vozes mais queridas e respeitadas. Morreu Wellington Campos, o Wellington Vareta, aos 68 anos, após dez dias internado devido a complicações de uma parada cardíaca. Vareta já enfrentava diversos problemas de saúde, como diabetes — que o levou a amputar parte da perna em 2019 —, além de hipertensão e insuficiência renal.
A Associação Brasiliense de Cronistas Desportivos (ABCD) lamentou a perda do cronista e lembrou da trajetória do comunicador, marcada pelo carisma, competência e dedicação ao jornalismo esportivo. “Sua ausência deixará um espaço vazio em nossos corações e muita saudade”, declarou a entidade.
Histórico
Nascido em 22 de agosto de 1956 no Rio de Janeiro, Vareta se mudou ainda criança para o Cruzeiro Velho, em Brasília, quando o pai foi transferido da Imprensa Nacional para trabalhar na construção da nova capital. Ali construiu toda sua vida — pessoal, profissional e cultural — e fez questão de se intitular “Cariense”, união de carioca com brasiliense. “Tudo que eu tenho na vida eu construí aqui no Cruzeiro”, disse, em maio deste ano, ao comemorar seis décadas de residência na região.
Com passagem pelas rádios do Distrito Federal, como a Rádio Planalto AM, e pelas assessorias de imprensa de clubes como Ceilândia, Gama e Botafogo-DF, Vareta foi um incentivador do futebol local. Levava a paixão pelo esporte com a mesma energia com que promovia o samba e a cultura popular.
Vareta também teve papel histórico na escola de samba Aruc (Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro), fundada poucos meses após sua chegada ao bairro. Foi mestre de cerimônias, diretor de carnaval, compositor e destaque. “Cheguei no Cruzeiro antes da Aruc, fui criado dentro dela”, contava orgulhoso. Sua ligação com o samba também o levou a ser jurado do carnaval de São Paulo por mais de uma década.
Amante da cultura popular, da bola e do batuque, Wellington Vareta deixa um legado que mistura comunicação, identidade cultural e amor por Brasília e pelo Rio de Janeiro — trajetória que promoveu o enriquecimento da capital do país, através do intercâmbio cultural. Ele será lembrado como símbolo da ponte entre as duas cidades — um cronista de alma leve e sorriso fácil, assim como o samba que representou.