COP-30 em Belém: cartas de embaixadas expõem medo por estrutura, preço alto e risco de desistência

Foto: Augusto Miranda/Agência Pará

Representantes de China, Alemanha, Reino Unido, Dinamarca e Noruega demonstraram, de forma reservada, preocupação com a infraestrutura da 30ª Conferência do Clima da ONU (COP-30), que ocorrerá entre 10 e 21 de novembro em Belém (PA). Os principais temores envolvem a hospedagem limitada, com preços elevados e escassez de leitos. Telegramas trocados entre o Itamaraty e embaixadas brasileiras entre janeiro e abril, obtidos pelo Estadão via Lei de Acesso à Informação, revelam as críticas. As informações são do jornal Estadão.

A embaixada da Noruega chegou a mencionar a possibilidade de reduzir sua delegação devido aos altos custos. A China, segundo a embaixada brasileira em Pequim, também enfrenta dificuldades para reservar acomodações. A Alemanha, por meio de autoridades do governo e da indústria, relatou incertezas sobre a logística e a disponibilidade de hospedagem. A Dinamarca e o Reino Unido também expressaram preocupações semelhantes.

A organização da COP-30 estima cerca de 50 mil participantes. Belém possui aproximadamente 36 mil leitos, incluindo hotéis, aluguel por temporada e navios de cruzeiro, sendo apenas 14 mil da rede hoteleira local. Delegações estrangeiras já relatam orçamentos milionários para garantir estadia — a Noruega, por exemplo, recebeu propostas superiores a R$ 1 milhão.

O governo federal e o governo do Pará afirmam estar trabalhando para ampliar a capacidade de hospedagem. As ações incluem reformas de hotéis, uso adaptado de escolas como hostels, e contratação de navios-cruzeiro. Além disso, foi assinada parceria com plataformas de aluguel por temporada, e contratada a empresa Bnetwork para gerenciar a oferta de leitos — a plataforma, no entanto, ainda não foi lançada.

O secretário da COP-30, Valter Correia, prometeu estrutura adequada em reunião com 103 embaixadas em março. Apesar disso, a demora no lançamento do sistema de hospedagem gera frustração entre países e entidades da sociedade civil, que temem não conseguir participar por falta de informações e altos custos.

Outro fator que pesa é a provável ausência de representantes da Casa Branca, o que deve ser compensado pela presença de autoridades subnacionais dos EUA, como do estado da Califórnia. Ainda assim, especialistas alertam que a falta de infraestrutura pode prejudicar o desempenho da conferência.

A Noruega, maior doadora do Fundo Amazônia, e a China, principal emissora global de CO₂, são esperadas como protagonistas nas discussões climáticas. A COP-30 também será a primeira após a constatação de que 2024 teve temperatura média global acima de 1,5ºC, e trará a revisão das metas do Acordo de Paris.

Estadão Conteúdo

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