A indústria brasileira começa o segundo trimestre com o freio puxado. A intenção de investimento dos empresários do setor caiu para 56,1 pontos em maio — o menor patamar desde novembro de 2023 — segundo a Sondagem Industrial divulgada na última semana pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O indicador já acumula queda de 2,7 pontos em 2025, após ter atingido o pico em dezembro do ano passado.
Além da menor intenção de investir, os empresários também enxergam o futuro com menos otimismo. Todos os índices de expectativa para os próximos seis meses apresentaram recuo: demanda (-1,3 ponto), compra de matérias-primas (-1 ponto), exportações (-0,5 ponto) e número de empregados (-0,4 ponto). Ainda assim, os indicadores seguem acima da linha dos 50 pontos — o que significa que, apesar do freio, o cenário projetado ainda é de crescimento, porém mais modesto.
Produção e empregos recuam em abril
O ritmo da indústria já começou a desacelerar. Em abril, o índice de evolução da produção ficou em 47,8 pontos, indicando retração em relação a março. A queda, segundo a CNI, é comum para o mês, mas veio após um março com desempenho acima do esperado. Mas para o mês de maio, o cenário já melhora, como avalia Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
“Em maio, os empresários mostram otimismo, perspectivas de aumento, tanto de demanda, quanto em quantidade exportada, intenção de contratar mais e de aumentar a compra de matérias-primas. Contudo, na passagem de abril para maio, esse otimismo se tornou um pouco moderado, essa sensação e intenção de comprar mais contratar mais pessoal nos próximos seis meses, se tornou mais moderada e menos disseminada nos empresários na passagem de abril para maio.”
O número de postos de trabalho também caiu, com o indicador marcando 49,2 pontos. Apesar de estarem abaixo dos 50 pontos — sinal de retração — os dois índices ainda superam a média histórica para o mês de abril.
Capacidade instalada e estoques em baixa
A Utilização da Capacidade Instalada (UCI) permaneceu em 69%, um ponto percentual abaixo do nível registrado em abril de 2024. Já os estoques de produtos acabados também encolheram: o índice fechou abril em 49,5 pontos, abaixo do observado em março.
O dado que compara o estoque efetivo com o planejado subiu levemente, de 48,9 para 49,3 pontos. Isso indica uma aproximação entre o que as empresas esperavam e o que de fato está estocado — reflexo de uma demanda que, embora ainda presente, vem perdendo fôlego.
Para esta edição da Sondagem Industrial, a CNI ouviu 1.492 empresas entre os dias 5 e 14 de maio de 2025, sendo 597 de pequeno porte, 520 médias e 375 grandes.
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