MANCHETE ESPORTIVA

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No 3 de outubro de 1955, o candidato do PSD-Partido Social Democrático (e de mais cinco outros partidos coligados) – Juscelino Kubitscheck – vencera o da UDN- União Democrática Nacional – Juarez Távora –, chegando à presidência da república com vantagem de 5,41% dos votos, no 16º pleito presidencial brasileiro.

A pequena vantagem do JK levou a UDN e setores das Forças Armadas a questionarem a vitória, que não ocorrera no estado mais populoso do país, São Paulo. Por ali, Carlos Lacerda prometia impedir a posse e rolava tremenda crise política, levando o Tribunal Superior Eleitoral a só reconhecer a vitória do Kubitschek no 7 de janeiro de 1956, a 24 dias da posse.

 No meio de tanta conturbação política no país, o empresário ucraniano (naturalizado brasileiro) Adolpho Bloch acreditava na posse e na mensagem otimista do Juscelino. Enquanto pensava, o jornalista Mário Filho propôs-lhe lançar uma revista tipo Manchete, que rolava desde 26 de abril de 1952, mas só com o noticiário do futebol. O Bloch perguntou se a proposta daria certo e ouviu a resposta positiva, “principalmente, quando Vasco da Gama e Flamengo (times de maiores torcidas cariocas) vencessem”, cravou Mário Filho.

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Adolpho Bloch achou complicado lançar uma revista que dependesse da vitória de dois clubes para reforçar o seu caixa. Mas Mário Filho pegou-lhe pela veia política: “Se o senhor acredita tanto em bons tempos com o Juscelino (Kubitschek) no poder, porque não acreditar, também, na Manchete Esportiva? (nome proposto).

Adolpho Bloch terminou topando o projeto e quis saber quando o Mário Filho colocaria o produto nas bancas. Espantou-se quando o o homem disse-lhe que não faria a revista, no máximo uma coluna, e sugeriu-lhe tirar os seus irmãos Augustinho, Paulinho e Nélson Rodrigues do jornal Última Hora, de Samuel Wainer, garantindo que contrataria os melhores daquela área.

Era 1955, quando Manchete Esportiva foi lançada, além dos irmãos Rodrigues, o projeto foi reforçado por Arnaldo Niskier, que atuava na revisão da Manchete; Ney Bianchi e Ronaldo Boscoli, buscados, respectivamente, no Jornal dos Sports e na Última Hora, e os fotógráfos Jáder Neves, Jankiel Gonckzarowska, Âgelo Gomes, Juvenil de Souza e Hélio Santos. As edições saíam ótimas. Só não interessavam aos anunciantes que, dificilmente, apareciam, pois o produto era de boníssimo nível cultural, diferente do que o torcedor do futebol estava acostumado.     

 Inviável, comercialmente, a revista viveu, de novembro de 1955 a maio de 1959, circulando, semanalmente, com 60 páginas de, aproximadamente, 26cm x 35cm. Tentou voltar, em 18 de outubro de 1977, no formato  21 cm x 28 cm, com 68 página, mas só se segurou até 1979. A concorrência direta com a popularíssima semanal  Placar, da Editora Abril, (na praça desde 1970), complicou o lance. Ainda mais porque Adolpho Bloch além do carro-chefe Manchete semanal, tinha a lucrativa Ele & Ela, com de mulheres nuas e seminuas, merecendo mais atenção. O jeito foi tirá-la de campo, pela segunda vez – que pena!

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