Empórios rurais fortalecem agricultura familiar

sementes, como as de milho e de feijão, desempenham papel fundamental na alimentação das famílias e na comercialização dos excedentes foto divulgação seagri

Por Daniel Xavier
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O cheiro do queijo artesanal, o colorido das frutas colhidas no dia, o sorriso de quem planta e colhe. Essa é a rotina que ganha força no Distrito Federal com a expansão dos empórios rurais, iniciativa do Governo do Distrito Federal (GDF) que visa conectar produtores familiares diretamente aos consumidores das cidades. O projeto, que já conta com uma unidade em funcionamento no Colorado, terá reforço com novos espaços previstos para Brazlândia, Jardim Botânico, Paranoá e Planaltina.

Além de pontos de venda pensados para valorizar a produção rural local, o plano inclui também a criação de três centros de distribuição no estilo “pedra” — um modelo mais robusto, inspirado na Ceasa, voltado tanto para o atacado quanto para o varejo. Juntos, os novos equipamentos públicos prometem movimentar a economia agrícola do DF, com impacto direto na renda de centenas de famílias e no acesso da população urbana a alimentos frescos, de origem conhecida e com preços mais justos. “Não basta incentivar a produção rural. É preciso garantir canais dignos de comercialização”, defende o secretário da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri-DF), Rafael Bueno.

Espaços com identidade local

Cada unidade tem o perfil moldado de acordo com a vocação agrícola da região. Em Brazlândia, conhecida nacionalmente pela produção de morangos, o empório permitirá que os produtores tenham um ponto fixo de comercialização durante todo o ano. No Jardim Botânico, a escolha do balão do Jardins Mangueiral como endereço atende uma população crescente, que ainda enfrenta carência de feiras e mercados com produtos direto do campo.

As estruturas seguirão o modelo da unidade do Colorado, que ocupa 741 m² às margens da DF-150, com boxes fixos para venda de hortaliças, frutas, laticínios, ovos, doces caseiros e até artesanato. O local também dispõe de banheiros, estacionamento e espaço para lanchonetes. São 30 produtores cadastrados, muitos dos quais já atuavam em condições improvisadas e foram remanejados para o novo empório após ordem judicial de desocupação da área original, às margens da BR-020. 

Mini Ceasas para o DF

Outro diferencial da iniciativa está na implantação dos galpões de comercialização em Planaltina, Paranoá e Brazlândia. Pensados como entrepostos para atacado e varejo, os galpões vão permitir o escoamento de grandes volumes, facilitando o abastecimento de supermercados, mercearias e restaurantes locais. O modelo busca descentralizar a distribuição hoje concentrada na Ceasa e ampliar a competitividade dos pequenos produtores.

As obras do galpão do Paranoá já começaram, com investimentos estimados em R$ 1,5 milhão. O terreno de 2.400 m², às margens da DF-250, passará a contar com boxes cobertos, banheiros adaptados, área de carga e descarga, estacionamento e salas administrativas para uso das associações e do Conselho Rural local. O trabalho é coordenado pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), com recursos da Caixa Econômica Federal. “Esses centros serão verdadeiros motores do abastecimento local. Vamos atender diretamente bairros inteiros e fomentar a agricultura com base sólida”, explica o diretor da Novacap, Carlos Spies.

Economia circular e alimento saudável

Com a valorização da produção local, o GDF também aposta em uma cadeia de abastecimento mais sustentável. O consumo direto do produtor reduz o impacto ambiental do transporte, evita desperdícios e garante alimentos mais frescos nas mesas da população. Para os produtores, é a chance de maior previsibilidade de renda e segurança para continuar investindo no campo.

A meta da Secretaria de Agricultura é criar uma malha de empórios e centros de distribuição capazes de atender todas as regiões administrativas do DF, respeitando as peculiaridades de cada território. Segundo a pasta, os editais para construção das novas unidades estão em fase final de tramitação e a expectativa é iniciar as obras ainda em 2025. O projeto também tem um objetivo de fundo: resgatar o orgulho da agricultura familiar e incentivar o retorno à terra. Com mais estrutura e mercado garantido, muitos produtores que haviam deixado o campo por falta de apoio institucional têm agora a chance de recomeçar.

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