Golpistas se passam por advogados para enganar clientes

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Advogados alertam a clientes que se atentem a tentativas de golpe. (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

O tempo passa, mas os golpes continuam. Dessa vez, criminosos estão entrando em contato com clientes se passando por advogados usando dados públicos disponíveis em processos judiciais, e solicitam informações bancárias ou até transferências antecipadas com o argumento de que precisam liberar valores de alvarás judiciais — documentos que autorizam a retirada de quantias depositadas em juízo.

O alerta foi dado pelo advogado Jorge Luiz Santos, que após identificar a tentativa de golpe, emitiu um comunicado aos seus clientes. “Eles pegam o número do advogado, a foto do WhatsApp, e entram em contato com o cliente dizendo que ele tem valores a receber, mas que precisa repassar dados ou adiantar um valor para liberar o dinheiro”, explica.

O esquema tem sido facilitado pela exposição de informações no sistema Projudi, usado em processos eletrônicos do judiciário estadual.

Não se trata de um caso isolado. Segundo Jorge, todos os três advogados do escritório onde atua já foram vítimas da fraude. “No meu caso, se passaram por mim. Na minha sócia, por ela. No meu sócio, a mesma coisa. São variações de uma mesma prática: se passam por advogados ou por pessoas ligadas ao processo para enganar os clientes.”, declarou.

Golpe do falso advogado: como se proteger

O golpe é ainda mais perigoso porque, segundo a advogada Karolayne Côrrea, os criminosos enviam sentenças falsas com informações reais — como número do processo, nome do cliente e do advogado — para dar credibilidade ao golpe. “Eles pegam fotos dos advogados e enviam mensagens para os clientes. Teve um caso no nosso escritório de uma cliente que perdeu a ação, não pagou nada de honorários porque era por porcentagem, e mesmo assim acreditou no golpe. Ela transferiu R$ 3.500 para receber supostos R$ 9 mil de um procurador, e só percebeu que era golpe quando pediram mais dinheiro”, conta.

Karolayne revela que, em uma das tentativas, o golpista chegou a atender ligações, se passando por um advogado. “Ela ligou, eles atenderam, conversaram. Ela não reconheceu a voz, mas mesmo assim foi convencida. É só questão de tempo até usarem minha imagem também.”

Dificuldade em buscar justiça e a fragilidade do sistema

A advogada explica ainda a dificuldade em buscar justiça após o golpe. “Eles compram chips pré-pagos com CPFs aleatórios. E quando recebem o PIX, transferem imediatamente o valor para outra conta — o banco não consegue recuperar.”

Diversos profissionais do Direito têm usado as redes sociais para denunciar a situação e orientar o público. A recomendação é clara: ao receber qualquer mensagem suspeita, o cliente deve contatar diretamente seu advogado pelos meios oficiais antes de tomar qualquer atitude.

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