Bolsas americanas despencam após Trump ameaçar União Europeia e Apple com tarifas

Foto: Brendan Smialowski/AFP

FOLHAPRESS

Os principais índices de Wall Street caíram nesta sexta-feira (23) depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, dizer que vai impor tarifas de 50% sobre a União Europeia e ameaçar a Apple com taxa de 25% se a empresa não produzir iPhones em território norte-americano.

“A União Europeia, que foi formada com o propósito principal de tirar vantagem dos Estados Unidos no comércio, tem sido muito difícil de lidar”, disse Trump em uma publicação no Truth Social.

As bolsas americanas despencaram no começo desta sexta. O Dow Jones caía 0,78%, a 41.531,98 pontos. O S&P 500 tinha queda de 0,93%, a 5.787,75 pontos, enquanto o Nasdaq Composite recuava 1,14%, a 18.709,69 pontos.

A Apple, por sua vez, atingiu uma mínima de duas semanas e caiu 2,7% após as falas de Trump. “Há muito tempo informei a Tim Cook, da Apple, que espero que seus iPhones que serão vendidos nos Estados Unidos da América sejam fabricados e construídos nos Estados Unidos, não na Índia ou em qualquer outro lugar”, escreveu o presidente dos EUA em uma postagem no Truth Social nesta sexta.

“Abrir mais frentes na guerra comercial foi exatamente o que os traders, esperando um final tranquilo para um fim de semana, não precisavam e isso claramente pegou a maioria desprevenida”, disse Steve Sosnick, analista-chefe de mercado da Interactive Brokers.

“Não está claro o que provocou essas declarações, mas elas são emblemáticas do tipo de volatilidade para a qual devemos estar sempre preparados”, afirmou

O “medidor de medo” de Wall Street, o índice de volatilidade CBOE disparou para uma máxima de mais de duas semanas e estava por último em 24 pontos.

Todos os 11 principais subsetores do S&P caíram, com consumo discricionário e tecnologia da informação sendo os mais atingidos.

Ações da Amazon e Nvidia recuaram cerca de 2% cada. O setor de semicondutores também caiu, com o indicador do setor recuando quase 2%, enquanto companhias aéreas, incluindo American Airlines perderam mais de 1%.

Na Europa, o índice STOXX 600 recuava 1,07%, a 544,38 pontos, a caminho de registrar uma queda semanal após cinco semanas consecutivas de ganhos.

O índice de volatilidade STOXX atingiu seu maior valor em mais de quatro semanas. “Esta última ameaça é pior que o pior cenário possível”, disse Fiona Cincotta, analista sênior de mercado da City Index.

O representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, deve conversar com o comissário de comércio da UE, Maro Šefčovič, ainda nesta sexta. Ao Financial Times a Comissão Europeia disse que não comentaria as declarações de Trump antes da conversa.

Com a queda desta sexta, os três principais índices de ações americanas estavam a caminho de fortes perdas semanais, já que preocupações com o aumento da dívida elevaram os rendimentos do Tesouro no início da semana. O rebaixamento da classificação de crédito dos EUA pela Moody’s no final da semana passada havia inicialmente desencadeado as preocupações.

Nesta quinta (22), a Câmara dos EUA, controlada pelos republicanos, aprovou o amplo projeto de lei fiscal e de gastos que implementaria grande parte da agenda política de Trump por uma margem estreita. O projeto agora segue para o Senado, que o Partido Republicano controla por 53 votos contra 47, para aprovação.

Os rendimentos dos títulos governamentais de longo prazo diminuíram ainda mais à medida que os investidores migraram para ativos mais seguros, com os rendimentos dos títulos de 10 anos caindo, a 4,505%.

Após o projeto de lei de Donald Trump passar, os rendimentos do treasuries já haviam tido perdas. O rendimento do “treasury” de 30 anos, um indicador dos custos de empréstimos do governo no longo prazo, atingiu 5,13%, o nível mais alto desde outubro de 2023.

O de 20 anos também subiu, a 5,14%, o nível mais alto também desde novembro de 2023. Já o de 10 anos, mais monitorado pelo mercado, estava em 4,590%, um ligeiro recuo em relação aos 4,595% do dia anterior.

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