Morre Sebastião Salgado, fotógrafo que transformou o mundo com imagens em preto e branco

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Sebastião Salgado, um dos maiores nomes da fotografia mundial, morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos. A morte foi confirmada por uma fonte próxima da família e pelo Instituto Terra, organização criada por ele em prol da recuperação ambiental no Brasil.

Nascido em Aimorés, Minas Gerais, em 1944, Salgado formou-se em economia e obteve mestrado na Universidade de São Paulo e na Sorbonne. Descobriu a fotografia durante viagens profissionais à África nos anos 1970, quando ainda atuava como economista. Em 1973, largou o cargo na Organização Internacional do Café para seguir carreira como fotógrafo.

Baseado em Paris, integrou importantes agências como Sygma, Gamma e Magnum, ganhando destaque internacional em 1981, após registrar o atentado ao então presidente dos EUA, Ronald Reagan. O impacto das imagens financiou sua primeira grande viagem autoral ao continente africano.

Ao longo de cinco décadas, percorreu mais de 120 países, documentando realidades negligenciadas: trabalhadores rurais, migrantes, refugiados e povos originários. Seus projetos “Trabalhadores”, “Êxodos” e “Gênesis” marcaram época. O estilo monocromático, marcado pela luz natural e composição precisa, tornou-se sua assinatura visual.

Mais do que fotógrafo, Salgado foi ativista. Com a esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado, fundou o Instituto Terra em 1998, transformando áreas degradadas do Vale do Rio Doce em reservas de mata nativa. Em nota, a entidade destacou: “Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”.

Premiado internacionalmente, sempre rejeitou o rótulo de artista. “Sou fotógrafo, e é um grande privilégio ser fotógrafo. Tenho sido um emissário da sociedade da qual faço parte”, disse em Londres ao receber homenagem pela carreira da Organização Mundial de Fotografia.

Em 2024, anunciou sua aposentadoria do campo. Em entrevista ao jornal The Guardian, revelou que seu corpo já sentia o peso de décadas em condições extremas. “Sei que não viverei muito mais. Mas não quero viver muito mais. Já vivi tanto e vi tantas coisas.”

Sebastião Salgado partiu deixando um legado humanista e visual, eternizado em imagens que atravessam fronteiras, desafiam indiferenças e continuam a comover o mundo.

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