Netanyahu associa ataque que matou casal nos EUA a ódio contra Israel

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, atribuiu o ataque a tiros em frente ao Museu Judaico de Washington, nos Estados Unidos, ao que ele classificou de hostilidade contra seu país em decorrência da guerra na Faixa de Gaza.

As vítimas, Yaron Lischinsky e Sarah Lynn Milgrim, eram um casal que tentava promover a reconciliação entre israelenses e palestinos, segundo grupos de defesa aos quais cada um deles pertencia. Eles planejavam se casar em breve, segundo o embaixador de Tel Aviv na capital americana, Yechiel Leiter.

Netanyahu classificou os assassinatos de “um ato desprezível de ódio, de antissemitismo” e fez uma ligação explícita com o clima cada vez mais hostil enfrentado por Israel devido à guerra com o grupo terrorista Hamas, de protestos em universidades a acusações de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça.

“Libelos de sangue contra Israel têm um custo em sangue e precisam ser combatidos com o máximo empenho”, disse ele em um comunicado. A expressão “libelo de sangue” tem um significado histórico, uma vez que se refere a uma acusação antissemita falsa que atribuía a judeus a morte de crianças cristãs para uso de seu sangue em rituais religiosos.

Na prática, isso reforça o já reiterado argumento de Netanyahu, segundo o qual o conflito em curso se trata de uma “guerra existencial” para Israel.

Diversas entidades de combate ao antissemitismo e de defesa do Estado de Israel se pronunciaram nesta quinta a respeito do atentado.

A Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo) manifestou pesar pelas mortes.

“Neste momento, nossa solidariedade se volta às famílias das vítimas, à comunidade judaica americana e ao Estado de Israel. Que a memória de Sarah e Yaron seja um chamado à vida, à justiça e à resistência contra todo tipo de intolerância”, afirmou a entidade.

A Conib (Confederação Israelita do Brasil) enviou “condolências e solidariedade aos familiares e amigos das vítimas”. “O terrível ataque terrorista que matou os jovens Yaron Lischinsky e Sarah Lynn Milgrim, funcionários da embaixada de Israel em Washington, mostra como a campanha de ódio contra o Estado judeu estimula a violência antissemita contra os judeus pelo mundo e tem efeitos mortais”, afirmou a organização.

O ex-presidente da Conib e atual comissário da OEA (Organização dos Estados Americanos) para monitoramento e combate ao antissemitismo, Fernando Lottenberg, também lamentou o assassinato do casal.

“O que estamos vendo e vivendo é um perigoso ciclo de manifestações e um movimento pedindo a ‘globalização da intifada’, que só aumentam o gatilho do ódio contra judeus.

Neste movimento, presente em diversos países, incluindo os EUA, o antissemitismo, travestido de antissionismo, só encoraja crimes como o que foi tragicamente registrado”, afirmou.

Já o comissário do governo alemão para o combate ao antissemitismo, Felix Klein, afirmou que havia motivos para temer que o tiroteio em Washington pudesse inspirar imitadores “até mesmo em nossas próprias ruas”. “Como sociedade, devemos, portanto, permanecer alertas, e as medidas de segurança para as instituições judaicas também devem ser reforçadas na Alemanha”, disse à imprensa local.
A IsraAid, organização de ajuda humanitária sediada em Israel, divulgou comunicado em que diz expressa choque com o incidente. “Nossos corações estão com suas famílias e entes queridos diante desta perda sem sentido. Que sua memória seja uma bênção”, afirmou.

Funcionários da entidade foram os palestrantes principais do evento que ocorria no local do ataque, a Recepção de Jovens Diplomatas. O encontro reuniu judeus com a comunidade diplomática de Washington e tinha como objetivo levar ajuda humanitária a Gaza com a colaboração israelo-palestina, segundo a IsraAid.

“Nós e todos os participantes nos reunimos com o objetivo de encontrar soluções práticas para a crise humanitária em Gaza e demonstrar que trabalhar juntos é o único caminho para o bem de todos na região. A ironia brutal e trágica de que tal evento -motivado por princípios humanitários- tenha sido alvo de mais violência é de cortar o coração”, disse a organização.

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