Google é acusado de ‘roubo’ por usar IA em buscas e omitir links de sites

GUILHERME TAGIAROLI
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Associação de editoras de jornais dos EUA chamou novo modo de busca do Google, que usa inteligência artificial, de roubo.

O QUE ACONTECEU

Presidente da News/Media Allaince afirmou que Google não dá nada em troca a quem realmente oferece a informação. “Google simplesmente pega o conteúdo à força e o utiliza sem dar nada em troca – a definição de roubo”. Frase é de Danielle Coffey, presidente da News/Media Alliance, uma instituição que representa mais de 200 veículos de comunicação dos EUA. Dentre os membros, estão publicações como os jornais Washington Post e The New York Times.

Empresa apresentou modo IA que é um chatbot que faz buscas em vários sites e resume o conteúdo. Por enquanto, este modo só está disponível nos EUA, segundo o Google, e a ideia é que ele seja usado para perguntas complexas.

A resposta é uma consolidação de vários links que o Google lê e a partir dos quais organiza as informações ao usuário que perguntou. A empresa diz que seu mecanismo consegue ler centenas de páginas e processar informações para gerar um “relatório a nível de especialista”, com referências completas. Chama a atenção que o resultado são tabelas, imagens e o detalhamento solicitado na busca.

A crítica da News/Media Alliance é que os links ficam escondidos nos resultados. “Os links eram a última qualidade redentora das buscas que garantiam tráfego e receita aos veículos de notícias”, informa o comunicado da associação. A entidade diz ainda que espera que o Departamento de Justiça dos EUA “resolvam isso para evitar que uma única empresa continue dominando a internet”.

Até então, estava disponível o AI Overview, que gerava uma resposta para quando uma pergunta objetiva era feita. A novidade do Modo IA aprofunda a cessão de resposta para os usuários. Site norte-americano “Search Engine Roundtable” diz que o Google tem testado nos EUA não exibir links nos previews de busca.

POR QUE IMPORTA?

O Google tem alterado a forma como as pessoas fazem busca: em de links, empresa quer dar respostas diretas. Há alguns anos, a empresa já tem feito resumos dependendo da busca realizada, porém este movimento do “modo IA” índica uma mudança maior.

Com isso, há chance de reduzir o clique em links de páginas referenciadas na busca. Sites jornalísticos, que dependem de veiculação de publicidade, devem perder tráfego, enquanto a resposta aparece direto no Google. Além disso, em exemplos dados pela própria empresa, no modo IA tem exibição de propagandas.

A jornada de entrar em diferentes sites e ter acesso a diferentes perspectivas pode estar com os dias contados. Nos exemplos, é mostrado que os links até aparecem no fim do resumo criado no modo IA, mas eles ficam consolidados.

Ao mesmo tempo, Google quer se tornar referência em inteligência artificial. Ainda que o ChatGPT, da OpenAI, seja pioneiro, google.com ainda é uma das páginas mais vistas do mundo. A incorporação do “Modo IA” pode democratizar o acesso à inteligência artificial.

Além disso, o Google quer se diferenciar promovendo respostas personalizadas – algo que os concorrentes podem implementar, mas que o Google leva vantagem, pois tem anos de dados das pessoas.

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