O presidente da Guiana, Irfaan Ali, classificou nesta quarta-feira (21) como uma “ameaça” a eleição que a Venezuela está organizando para escolher pela primeira vez autoridades no Essequibo, território com grandes recursos petrolíferos que ambos os países disputam, em entrevista à AFP.
Venezuela e Guiana mantêm uma disputa centenária pelos 160 mil km² da região do Essequibo, que se intensificou em 2015 após a descoberta de jazidas de petróleo pela ExxonMobil.
“Temos que levar a sério cada ação da Venezuela”, disse Ali à AFP. “Estamos levando isso muito a sério, para nós isso é uma ameaça e é assim que estamos lidando com isso.”
A disputa territorial também gerou novas tensões com o anúncio da eleição por parte da Venezuela, que planeja escolher pela primeira vez, no domingo, um governador e oito deputados para a região.
As seções eleitorais serão instaladas em povoados venezuelanos próximos à fronteira do território em disputa, e não está claro qual será o cadastro eleitoral utilizado pela Venezuela.
A Venezuela já realizou em dezembro de 2023 um referendo para reivindicar a soberania sobre o Essequibo.
O presidente Ali afirmou ainda que fará “todo o possível para garantir” que a “integridade territorial” e a “soberania” da Guiana “permaneçam intactas”.
“Há muitos que acreditam que isso é desespero dos venezuelanos, desespero e propaganda dos venezuelanos”, acrescentou.
A Guiana defende um laudo de 1899 assinado em Paris que fixou as fronteiras atuais, e o governo do presidente Irfaan Ali pediu à Corte Internacional de Justiça (CIJ) que o ratifique.
A Venezuela, que rejeita a jurisdição desse organismo no caso, apela a um acordo assinado em 1966 com o Reino Unido antes da independência da Guiana, que anulava esse laudo e estabelecia bases para uma solução negociada.
A CIJ pediu a Caracas que “se abstenha de realizar eleições, ou de se preparar para realizá-las, nesse território em disputa”, segundo uma ordem divulgada pelo organismo no início de maio.
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