‘Brasil precisa de humor crítico’, diz Felipe Xavier que estreia peça satírica sobre o comportamento da elite paulistana

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Criador de personagens icônicos do rádio brasileiro, como Doutor Pimpolho e Homem Cueca, o humorista Felipe Xavier comemora 30 anos de carreira com a estreia da peça Meu Nome é Sandra, em cartaz no Teatro Multiplan, no MorumbiShopping, em São Paulo. A montagem, um monólogo em que o artista critica com humor ácido o comportamento da elite paulistana, marca uma nova fase em sua trajetória.

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Felipe leva aos palcos Sandra, personagem que satiriza com ironia e exagero os hábitos da elite

Nos anos 1980, Felipe já dava sinais de que não seguiria o caminho tradicional. Criado na elite de São Paulo, ele e colegas de escola passavam horas criando esquetes e personagens que, anos mais tarde, viriam a compor o repertório que o tornaria conhecido em todo o país. Embora tenha se formado em Arquitetura pela USP, foi no humor que encontrou sua vocação.

Ao lado de Paulo Bonfá e Marco Bianchi, fundou em 1995 o grupo Sobrinhos do Ataíde, sucesso nas rádios 89 FM, Jovem Pan, na Band e também na MTV. O trio se destacou pelo humor criativo, crítico e sem apelações. Mais tarde, Felipe seguiu carreira solo e consolidou seu estilo na rádio Jovem Pan, com personagens inspirados em figuras reais dos ambientes em que cresceu.

“O fato de ter sido criado em uma bolha cheia de privilégios moldou muito meu estilo de fazer humor. É uma tentativa de fazer as pessoas olharem para o lado, enxergarem a dor do outro, que tem menos oportunidades num Brasil marcado pela desigualdade social”, afirma.

Agora, Felipe leva aos palcos Sandra, personagem que satiriza com ironia e exagero os hábitos da elite. Na peça, ele aparece sozinho no palco, sem figurino feminino ou maquiagem. “É um monólogo de uma hora, de cara limpa, só com um microfone e um texto forte. A Sandra se constrói nos gestos, no olhar, no tom. Como no rádio: é o público quem completa a imagem dela na cabeça”, explica.

A direção é de Cláudia Apóstolo, e a proposta é provocar o riso e a reflexão. “A Sandra é uma caricatura dessa elite que vive numa bolha. Mostrar o ridículo disso, o excesso, o vazio, é uma forma de fazer pensar”, diz Felipe.

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Entre os personagens cotados para futuras montagens está Doutor Pimpolho, um dos mais populares da carreira do humorista

Para ele, o momento é delicado, mas fértil para o humor. “Num país tão polarizado, com discussões acirradas entre direita e esquerda, há espaço para um humor apartidário, mas não alienado, que foque na crítica social e na observação do comportamento humano.”

A recepção tem sido positiva, e a peça já despertou o interesse de empresas que querem levar o espetáculo para eventos corporativos em versões mais curtas. “A peça está sendo um sucesso. Já fomos procurados para fazer pocket shows e palestras. Queremos que a mensagem dele chegue a todo o país”, afirma Graziela Ferraz, irmã e produtora de Felipe há mais de 15 anos.

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