
Nesta terça-feira (20), é celebrado o Dia Mundial da Abelha, data criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2017 para conscientizar sobre a importância desses insetos para o equilíbrio ambiental. O dia 20 de maio foi escolhido em homenagem a Anton Janša, esloveno considerado um dos precursores da apicultura moderna.
Muito mais do que produtoras de mel, as abelhas exercem um papel essencial na manutenção do equilíbrio ambiental e na segurança alimentar. Para entender melhor essa relação, a FolhaBV conversou com a zootecnista Sheron Barbosa, de 34 anos, mestre em Recursos Naturais e doutoranda em Biotecnologia de Produtos de Abelha.
“Na realidade, eu digo que as abelhas me escolheram”, contou Sheron. O interesse surgiu durante o mestrado, quando ela pensou em trabalhar com própolis. “Mas eu precisei ir para o campo, conhecer os apiários, e acabei me apaixonando”, relembra.

Ela explica que a apicultura trabalha com abelhas com ferrão, enquanto a meliponicultura é voltada às espécies sem ferrão, muito comuns na Amazônia. Mas o trabalho das abelhas vai muito além da produção de mel.
“Elas fazem um serviço essencial de forma natural e gratuita, que é a polinização. Isso é importante para o meio ambiente e também para a nossa vida”, explica Sheron.
Ela lembra uma frase de Einstein: se as abelhas desaparecerem, a humanidade não duraria mais que quatro anos. Isso porque o trabalho das abelhas ajuda as plantas a se reproduzirem, o que mantém as florestas vivas, o clima equilibrado e a água limpa.
“A polinização ajuda a manter a vegetação, que purifica o ar, evita o assoreamento de rios e ajuda no clima. E tudo isso impacta diretamente na nossa vida. Cerca de 80% das plantas que produzem frutos e sementes — ou seja, alimentos — dependem das abelhas”, completa

Desafios da apicultura
Apesar da importância, os apicultores enfrentam muitos desafios. O principal é o uso de agrotóxicos e pesticidas, que contaminam as abelhas e podem dizimar colmeias inteiras.
Além disso, Sheron aponta a falta de incentivo e estrutura como um entrave para o crescimento da atividade, especialmente na região amazônica. “A dinâmica de retirada do mel, por exemplo, nem sempre é fácil. Muitas vezes falta acesso ou transporte adequado”, afirma.
Como o mel é extraído
A extração do mel deve ocorrer em períodos específicos, chamados de safra, quando há abundância de flores. Em Roraima, essa temporada vai de setembro a março. Durante esse tempo, os apicultores retiram os quadros de mel das colmeias e levam até um ambiente higienizado para fazer a extração.
“Usamos equipamentos como a mesa desoperculadora e a centrífuga manual. Depois, o mel é colocado em decantadores, onde impurezas se separam do produto puro”, explica.
Para garantir a qualidade, é necessário seguir normas rígidas. A umidade, por exemplo, precisa ser de no máximo 20%. “As próprias abelhas sabem disso. Elas só fecham o favo quando o mel está pronto, com essa umidade ideal”, conta Sheron.

Mel falso x mel verdadeiro
Sim, existe mel falsificado. São produtos adulterados com açúcar, amido ou até água, o que compromete sua eficácia medicinal e seu valor nutricional. “Não causa problemas à saúde, mas não oferece os benefícios do mel puro, como ação anti-inflamatória”, alerta a especialista.
Curiosidades sobre as abelhas
- Abelhas sem ferrão: Existem mais de 300 espécies só no Brasil! Elas são nativas e muito importantes para a polinização da flora amazônica.
- Mel muda de sabor, cor e cheiro dependendo da flor de onde vem o néctar. Isso é chamado de mel monofloral ou multifloral.
- Apenas as fêmeas operárias têm ferrão e o usam somente em situações extremas.
- As abelhas batem as asas 200 vezes por segundo!
- Um único pote de mel é resultado do trabalho de milhares de viagens de coleta — uma abelha visita cerca de 2 mil flores por dia.
- O mel é o único alimento natural que não estraga se armazenado corretamente.

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