Quando se fala em jogos de guerra, a maioria dos jogadores imagina cenários com ação frenética, tiroteios e explosões. Mas a 11 bit studios, estúdio polonês responsável por títulos como This War of Mine, Frostpunk e o inédito The Alters, subverte essa expectativa ao desenvolver experiências que vão além do entretenimento e convidam à reflexão.
Foi assim que conheci This War of Mine. O jogo me surpreendeu ao colocar o jogador na pele de civis tentando sobreviver aos horrores da guerra. A partir dali, mergulhei ainda mais no catálogo da 11 bit studios e encontrei obras que seguem a mesma linha: jogos com profundidade emocional, dilemas morais e narrativas provocativas. Em um mercado saturado por jogos casuais e experiências superficiais, o estúdio se destaca ao construir mundos que despertam empatia e questionamentos.
Durante a Gamescom Latam, conversei com Gabriela Siemienkowicz (communications lead) e Konrad Adamczewski (senior PR manager), que falaram sobre os próximos lançamentos e a filosofia por trás do estúdio.
Entre o frio e a reflexão: o futuro de Frostpunk 2
Perguntei a Gabriela sobre o desafio de dar continuidade ao universo de Frostpunk sem perder a identidade do jogo original:
“O principal desafio foi seguir com confiança na nossa visão para o jogo”, explicou. “A história se passa 30 anos depois do primeiro Frostpunk, e nossa comunidade é extremamente apaixonada. Queríamos expandir o conceito, transformando o jogo de uma estratégia de sobrevivência em uma grande estratégia – mas sem perder a carga narrativa, as decisões difíceis e os momentos impactantes, agora em uma escala muito maior.”
O crescimento da cidade e a introdução de um conselho político com 100 representantes de diversas facções trouxeram novas camadas de complexidade.
“Dessa vez, o governador precisa negociar e lidar com disputas políticas. Isso mudou completamente o ritmo e o design do jogo, que antes era mais centralizado na figura do capitão.”
A aposta deu certo: Frostpunk 2 já foi reconhecido com o prêmio de Melhor Jogo de Estratégia no Game Awards 2024.
Konrad também compartilhou uma curiosidade sobre a recepção do jogo em diferentes culturas:
“No primeiro Frostpunk, o jogador impunha leis. Em Frostpunk 2, as decisões precisam passar por votação. Para jogadores chineses, por exemplo, isso causou certa confusão. Muitos perguntavam: ‘Por que precisamos de democracia? Eu propus uma lei, ela deveria ser aprovada.’ Isso mostra como os temas do jogo podem ser interpretados de formas distintas, dependendo do contexto cultural.”
The Alters: escolhas, identidades e possibilidades
Outro destaque do estúdio é The Alters, previsto para lançamento em breve. Gabriela ressaltou que o feedback da demo, disponível durante o evento e nas plataformas digitais, tem sido essencial para os ajustes finais.
“Estamos a pouco mais de um mês do lançamento e já recebemos muito retorno. Esse diálogo com a comunidade é fundamental para nós.”
O jogo parte de uma premissa existencial: quem seríamos se tivéssemos feito outras escolhas? Para Konrad, esse conceito tem alcance universal:
“Essa é uma das perguntas mais humanas que existem. ‘E se eu tivesse escolhido outro caminho? Como seria minha vida?’ É um tema que pode tocar pessoas de diferentes culturas.”

Além do entretenimento: jogos com propósito
Conhecida por suas temáticas densas e éticas, a 11 bit studios também aposta na diversidade de tons e experiências:
“Temos jogos mais leves também, como Moonlighter, que publicamos, e outros projetos em andamento com temáticas variadas”, contou Gabriela. “Nosso foco está em criar experiências que provoquem conexões reais, seja por meio de histórias pesadas ou abordagens mais leves.”
Mais do que desenvolver jogos, a 11 bit studios busca criar experiências significativas. São obras que desafiam o jogador a pensar, sentir e refletir – dentro e fora da tela. Depois dessa conversa, fica difícil não querer explorar ainda mais o universo do estúdio. E você, já sabe por qual jogo vai começar?