“O Agente Secreto” leva suspense político e carnaval à disputa pela Palma de Ouro

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O cinema brasileiro brilhou neste domingo (18) na Riviera Francesa com a estreia mundial de “O Agente Secreto”, novo filme de Kleber Mendonça Filho que concorre à Palma de Ouro no Festival de Cannes. A produção, protagonizada por Wagner Moura, foi recebida com 15 minutos de aplausos entusiasmados na sessão de gala e desponta como um dos fortes candidatos aos prêmios desta edição do festival.

Filmado em 1977 e ambientado no Recife e em São Paulo, o longa mistura suspense político e memória coletiva ao contar a história de um professor universitário que foge da capital paulista após um desentendimento com um empresário influente. Refugiado no Recife, onde vive seu filho, ele assume um nome falso e tenta se esconder de uma rede de poderosos que o persegue.

Em meio a essa trama de perseguição e corrupção, “O Agente Secreto” evoca os anos finais da ditadura militar no Brasil, sem mencionar diretamente o regime. A presença do autoritarismo está nos detalhes: dos retratos do general Geisel em prédios públicos à truculência que contamina todas as camadas de poder.

A exibição em Cannes levou o frevo de Pernambuco ao tapete vermelho, com uma orquestra que embalou a chegada do elenco e da equipe técnica. Além de Moura, estiveram presentes Gabriel Leone, Maria Fernanda Cândido, Isabel Zuaa, a produtora Emilie Lesclaux e o próprio Kleber Mendonça Filho. A ministra da Cultura, Margareth Menezes, também acompanhou a estreia.

Com forte recepção da crítica e comentários positivos de jornalistas internacionais, o filme surge como um dos favoritos da competição. “O Agente Secreto” também marca uma continuidade no cinema brasileiro recente ao abordar temas como memória, repressão e identidade nacional, alinhando-se a obras como “Ainda Estou Aqui” e “A Vida Invisível”. A premiação do Festival de Cannes será no próximo sábado (24), e a expectativa é grande entre os brasileiros.

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