
Você tem um cacto em casa e, na dúvida, segue o mesmo ritual de rega das demais plantas do vaso ao lado? Pois saiba que esse gesto aparentemente inofensivo pode estar matando lentamente sua suculenta espinhenta. Os cactos, apesar da aparência resistente, têm necessidades bem específicas que os diferenciam radicalmente de outras espécies comuns. Regá-los como se fossem violetas, por exemplo, pode ser o começo do fim.
Cacto: resistência não é sinônimo de descuido
O cacto, originário principalmente de regiões desérticas das Américas, desenvolveu ao longo do tempo adaptações incríveis para sobreviver com pouquíssima água. Seu caule espesso armazena líquidos por longos períodos, e sua pele cerosa evita a evaporação. Justamente por isso, quando você molha um cacto com frequência demais, o excesso de umidade se acumula no solo e começa a apodrecer suas raízes sem aviso.
Essa podridão radicular, silenciosa e traiçoeira, é um dos principais motivos pelos quais cactos morrem dentro de casa. Em muitos casos, o tutor só percebe o problema quando a planta já está amolecida ou amarelada, e não há mais volta.
Como saber se o seu cacto está sofrendo com a água?
Um dos primeiros sinais de que algo está errado é o aspecto inchado e a cor mais opaca do que o normal. Se você notar que a base está mole ou começando a escurecer, é sinal de que as raízes estão sofrendo. Diferente das plantas tropicais que demonstram sede com folhas murchas, o cacto “grita” por ajuda ficando molenga — algo que deveria ser exatamente o contrário da rigidez natural dele.
Rega correta: menos é mais
A regra de ouro é simples: só regue o cacto quando o substrato estiver completamente seco. E não é só a camada superficial, viu? O ideal é enfiar o dedo cerca de 2 a 3 cm no solo ou usar um palito para verificar a umidade no fundo do vaso.
Durante o verão ou em regiões mais quentes, isso pode significar uma rega a cada 10 a 15 dias. No inverno, às vezes uma vez por mês é suficiente — ou nenhuma, se o clima estiver úmido. O cacto, nessa estação, entra em dormência e consome menos recursos, inclusive água.
Tipo de solo faz toda a diferença
Outro erro comum é plantar o cacto em substrato de terra vegetal pura ou com muita matéria orgânica. Esse tipo de solo retém água em excesso, e mesmo que você regue com pouca frequência, o acúmulo ainda pode ser fatal. O ideal é usar um mix bem drenante, com areia grossa, perlita, pedriscos ou até carvão vegetal. Existem misturas prontas para cactos e suculentas que facilitam essa etapa.
Além disso, o vaso também precisa colaborar: prefira os de barro (que ajudam na evaporação da umidade) e com furos grandes no fundo. Nada de deixar pratinho acumulando água embaixo, hein?
Exposição ao sol influencia na rega do cacto
Outro fator que muita gente ignora é o ambiente onde o cacto está. Se ele fica em local sombreado, a evaporação será mais lenta, então a frequência da rega deve diminuir ainda mais. Já os cactos expostos ao sol pleno e com boa ventilação vão precisar de mais atenção — e eventualmente um pouco mais de água.
Mas atenção: “mais água” ainda é muito menos do que qualquer planta tropical exigiria. Nunca se deve regar um cacto por antecipação. Espere ele “pedir” — e isso, muitas vezes, significa esperar pacientemente semanas até o solo secar.
Quando vale regar por imersão?
Apesar de pouco comum, há situações em que a rega por imersão pode ajudar — especialmente após longos períodos de seca ou em cactos recém-plantados. Basta colocar o vaso dentro de uma bacia com água por 15 minutos, permitindo que o substrato absorva o necessário. Depois, deixe escorrer muito bem e só volte a regar quando estiver completamente seco novamente.
Essa técnica, porém, deve ser usada com moderação e somente quando o substrato está tão seco que não absorve mais água pela superfície.
Cuidar de um cacto é, acima de tudo, um exercício de contenção. Diferente do instinto de nutrir com frequência, ele exige paciência, observação e respeito ao tempo da natureza. Quando você entende que menos é mais, o cacto retribui com crescimento lento, sim, mas cheio de beleza e longevidade.
O post Cacto não é violeta: como regar do jeito certo e evitar a morte apareceu primeiro em Folha BV.