Descompasso entre Lula e BC dificulta controle da inflação e pressiona juros

Foto: Getty Images via

Com a proximidade das eleições presidenciais em 2026, o governo está pisando no acelerador e anunciando ações para estimular a economia. Entre elas estão:

  • liberação de recursos retidos no FGTS;
  • novas regras para crédito consignado ao setor privado; e
  • ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem repetido que busca uma expansão média do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3% no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na outra ponta, o Banco Central reforça, em declarações de autoridades e documentos oficiais, que a economia está com um ritmo de crescimento acima do chamado “PIB potencial” — aquele que é possível sem que haja pressões inflacionárias.

Por isso, o BC tem repetido que é preciso “desacelerar” a atividade para conter as pressões inflacionárias.

O Banco Central explica que sua atuação é reativa, ou seja, a instituição apenas reage ao cenário da economia. Se há um aumento de despesas, que estimula demais a economia e pressiona a inflação, por exemplo, tem que adotar uma política de juros mais agressiva.

Para determinar o nível da taxa de juros, o BC atua olhando para a frente (expectativas de inflação), tendo por base o sistema de metas. A meta de inflação é de 3%, podendo oscilar entre 1,5% e 4,5% sem que seja oficialmente descumprida.

Descompasso

Há uma descompasso entre:

  • política fiscal, isto é, de gastos públicos;
  • política creditícia, ou seja, de empréstimos; e
  • política monetária — a definição dos juros para tentar conter a inflação.

E a consequência imediata, segundo analistas, é uma dificuldade maior em conter as pressões inflacionárias, o que levou o Banco Central, nos últimos anos, a subir mais a taxa básica de juros, e a mantê-la elevada por mais tempo.

Inflação e juros mais altos significam um custo maior para quem emitiu o título e precisa remunerar o investidor – o governo, no caso dos títulos públicos. Por isso, retroalimentam um aumento da dívida pública, já considerada elevada para o padrão de países emergentes.

De acordo com dados do Tesouro Nacional, R$ 3,5 trilhões da dívida pública são indexados ao juro básico da economia, enquanto outros R$ 1,1 trilhão têm a taxa prefixada (determinada no momento do leilão, mas que está próximo ao juro básico, a Selic).

Com isso, um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic tem o impacto de cerca de R$ 45 bilhões a mais no endividamento público em 12 meses.

  • A dívida do setor público consolidado fechou o mês de março em 75,9% do PIB – o equivalente a R$ 9,1 trilhões, segundo informações do Banco Central.
  • Se for considerado o critério do Fundo Monetário Internacional (FMI), que contabiliza os títulos públicos que estão na carteira do BC e que é utilizada na comparação internacional, a dívida brasileira terminou o primeiro semestre em um patamar maior ainda: em 88,3% do PIB.
  • No ano passado, em meio a ataques do presidente Lula para baixar a taxa de juros da economia, o ex-presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, explicou que o juro no país é alto porque o endividamento também é elevado.

G1

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