SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo registraram um aumento de 79% dos casos de hipertensão na cidade de São Paulo nos três primeiros meses deste ano em comparação ao mesmo período de 2024. Segundo o levantamento, foram 114.000 casos nos três primeiros meses de 2024, ante 204.301 em 2025.
No estado, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo afirma em nota que esse aumento de atendimentos ambulatoriais por hipertensão no primeiro trimestre foi de 28,49%, comparando os dois anos. Em 2024, foram registrados 42.674 atendimentos, sendo 15.111 em janeiro, 13.872 em fevereiro e 13.691 em março. Já em 2025, os números chegam a 54.835 atendimentos, sendo 18.691 em janeiro, 17.952 em fevereiro e 18.192 em março.
Comparado aos dados estaduais, o aumento de casos na capital é expressivo e pode ser explicado por alguns motivos.
Marcelo Franken, cardiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, explica que, apesar de não haver nenhum evento significativo que possa explicar os números, os fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão são idade, genética e situações relacionadas ao estilo de vida, como alimentação, sedentarismo, sobrepeso, obesidade e estresse.
“Vivemos um fenômeno interessante que é disponibilidade do alimento em casa. Com os aplicativos de entrega, você tem tudo que você quiser comer a hora que você quiser. Então a gente tem mais comida pronta, mais comida processada, e a ingestão de sódio aumenta. Tudo isso leva ao aumento da pressão arterial”, diz o médico.
Segundo ele, o maior vilão para a hipertensão é o sódio, presente no sal e em alimentos embutidos, enlatados e ultraprocessados no geral. Alimentos gordurosos e calóricos levam a um possível sobrepeso e da obesidade, altos fatores de risco para hipertensão.
Além disso, ele comenta que quanto maior a idade, maior a incidência de hipertensão, um fator para estar atento. “As principais recomendações são ter uma alimentação saudável, praticar atividade física, ter boa qualidade do sono, não fumar, consumir bebida alcoólica com moderação”, diz.
De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 1,28 bilhões de pessoas entre 30 e 79 anos tem hipertensão, sendo a maior causa de morte prematura em todo o mundo. Segundo a Organização, 46% dos adultos com a condição não sabem que a tem.
Já no Brasil, o Ministério da Saúde afirma que 388 pessoas por dia morrem de hipertensão, e 90% das pessoas com o diagnóstico o herda dos pais. Em relação às discrepâncias entre o índice na capital e no estado, as diferenças no estilo de vida poderiam explicar, afirma Franken. “A cidade de São Paulo mais estresse e mais poluição.”
Ele alerta para uma mudança na diretriz dos critérios diagnósticos, lançadas em setembro de 2024 por especialistas da Sociedade Europeia de Cardiologia. Nas novas diretrizes, o valor da pressão elevada passa a ser 120 por 80 mmHg (ou 12 por 8). Antes, esse valor era de 140 por 90. No entanto, na prática, os critérios diagnósticos para hipertensão continuam sendo 140 por 90 mmHg, o que não deveria impactar os dados.