A manipulação nas apostas está destruindo a credibilidade do futebol

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A denúncia contra o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, requentou um assunto que uma parte da mídia gosta de guardar na gaveta: a suspeita de manipulação para favorecer apostadores inescrupulosos. Ao que parece, ainda teremos que lidar com muitos escândalos para começar a calcular o tamanho do impacto que essa perda de credibilidade trará ao mundo do futebol.
O caso de Bruno Henrique tem inevitáveis semelhanças com os de Lucas Paquetá, do West Ham-ING; e Luiz Henrique, do Botafogo, mas a suspeita aconteceu na época em que atuava no Bétis-ESP.
No últimos dias, nos deparamos com uma boa quantidade de comentários, alguns assinados por gente graúda da mídia esportiva, tentando “passar o pano” para Bruno Henrique:
“A casa de apostas que está acusando Bruno Henrique é a mesma que patrocina o Atlético-MG. É estranho que isso aconteça na véspera do segundo jogo decisivo da Copa do Brasil contra o Flamengo”, dizem os mais fanáticos.
É preciso entender Bruno Henrique, Lucas Paquetá e Luiz Henrique são suspeitos e precisam se explicar. Estranho mesmo é que alguém ainda tente defende-los sem saber o que as autoridades policiais têm de provas contra eles.
E tem mais gente envolvida. O presidente da CPI das Apostas no Senado, Jorge Kajuru (PSB-GO), afirmou que o Ministério Público de Goiás fechou acordos de delação premiada com investigados que entregaram provas sobre o envolvimento de mais jogadores da Seleção Brasileira: “A Justiça já tem todo o material. É um trabalho em dobradinha da CPI com o Ministério Público de Goiás”, disse o parlamentar.

Aqui no Brasil, é quase inacreditável a incapacidade demonstrada até agora para se entender a real dimensão do que está acontecendo no futebol. O nosso país, infelizmente, continua na liderança mundial de jogos suspeitos de manipulação, com 109 casos em 2023, segundo aponta relatório anual de integridade da Sportradar, empresa líder global em tecnologia esportiva, além de parceira da CBF, Conmebol, Uefa e Fifa.
Os dados revelados são aterrorizantes, considerando-se que o futebol é uma atividade que movimenta globalmente cerca de 300 bilhões de dólares por ano (mais de R$ 1,5 trilhão), e – enquanto atividade econômica e esportiva – está vendo a sua credibilidade desmoronar.
As denúncias envolvendo tentativas e suspeitas de suborno a jogadores de futebol, para que os resultados favoreceram apostadores, ratificam a desconfiança dos torcedores. Como assistir a uma partida cujo resultado não depende exclusivamente da qualidade técnica e do empenho dos jogadores? Como torcer para um clube no qual não se confia?
É difícil calcular o tamanho do impacto que essa perda de credibilidade trará ao mundo do futebol. Mas que é grande, é.

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A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (11/11)

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