A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) emitiu, nesta sexta-feira, 16, alerta sanitário após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil. O foco foi detectado em Montenegro (RS), em um matrizeiro de aves, mas mobilizou o setor produtivo paranaense, que lidera as exportações de frango no país e movimentou US$ 4 bilhões com o produto em 2024.
A China, principal compradora internacional, suspendeu por 60 dias as importações de frango brasileiro, conforme prevê o protocolo sanitário bilateral em casos de influenza aviária. “A partir de hoje a China não estará comprando carne de frango brasileira”, confirmou o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em entrevista à TV Centro América.
O embargo ocorre em momento de crescimento das exportações paranaenses. Entre janeiro e abril, o Estado vendeu US$ 1,32 bilhão em carne de frango, alta de 14,4% ante o mesmo período de 2024, segundo dados do Ipardes. A China absorveu 23,4% do total exportado pelo Paraná no primeiro quadrimestre.
Na Nota Técnica 03/2025, o chefe do Departamento de Saúde Animal da Adapar, Rafael Gonçalves Dias, orientou produtores a intensificarem medidas de biosseguridade, como controle de acesso, desinfecção de veículos, barreiras sanitárias e suspensão de visitas não essenciais às granjas. Até o momento, não há casos registrados em território paranaense.
O Paraná abateu 2,2 bilhões de frangos em 2024, respondendo por 34,2% da produção nacional, segundo o IBGE. Desde 2023, quando o vírus H5N1 foi detectado pela primeira vez no Brasil em aves silvestres, o Estado registrou 13 focos, todos em animais não comerciais.
O ministro Fávaro indicou que o governo tenta negociar com a China a regionalização dos embargos, modelo já adotado por Japão, Emirados Árabes e Arábia Saudita, que restringem importações apenas das regiões afetadas. “O sistema brasileiro tem estrutura para fazer a contenção e, portanto, a restrição comercial poderia ficar restrita à região do foco”, disse.
O caso gaúcho foi identificado após aves apresentarem sintomas respiratórios e neurológicos no dia 12 de maio. Amostras analisadas pelo Laboratório Federal de Diagnóstico Agropecuário em Campinas confirmaram o H5N1. O estabelecimento foi isolado e será aplicado protocolo de eliminação das aves e desinfecção.
O governo paranaense mantém desde janeiro decreto de emergência zoossanitária com validade de 180 dias, que facilita a adoção de medidas preventivas. Em março, a Adapar intensificou o monitoramento no litoral, principal rota de aves migratórias. “É uma realidade que acende um alerta de preocupação no Paraná, pois somos o maior produtor e exportador de frangos do país”, afirmou Gonçalves Dias, naquela ocasião. Nos Estados Unidos, surtos de gripe aviária infectaram 23 milhões de aves apenas em janeiro deste ano, segundo o Departamento de Agricultura americano (USDA).
Estadão Conteúdo