Programa promove busca ativa de pessoas em situação de analfabetismo de diferentes faixas etárias

df alfabetizado foto capa

Para além da Educação de Jovens e Adultos (EJA), a Secretaria de Educação (SEEDF) participa e promove diversos programas de alfabetização para crianças, jovens, adultos e pessoas idosas. Uma iniciativa muito importante que incentiva o aprendizado dessas pessoas é o programa DF Alfabetizado. Atualmente com 1.300 estudantes ー  em sua maioria idosos ー  matriculados, a ação conta com 40 educadores populares e 52 turmas distribuídas por vários cantos do Distrito Federal. 

O programa DF Alfabetizado tem várias frentes, desde a formação do educador popular até o acompanhamento sistematizado das turmas, tanto pedagógico quanto operacional, por meio dos coordenadores locais e centrais. O objetivo é fazer com que a educação alcance lugares aos quais a escola ainda não chegou, já que muitas vezes as pessoas não têm condições de frequentar uma escola, por medo, pela distância ou por vergonha, entre outros motivos.

A SEEDF, por meio da Diretoria de Educação de Jovens e Adultos (Dieja), realiza o acompanhamento contínuo do programa. Uma das visitas foi no Serviço de Acolhimento Institucional para Pessoas Idosas (Saipi), na Casa Viva, em Taguatinga. A servidora da Dieja Marli Vieira, que auxilia pedagogicamente o DF Alfabetizado e o Programa de Formação Continuada e em Serviços da Educação de Jovens e Adultos (ProfsEJA), ressalta a importância de acompanhar essas turmas. 

“Para mim, é importante estar com eles aqui, para discutirmos e vivenciarmos as práticas pedagógicas a partir das realidades deles, percebendo os avanços”, pondera Marli, que destaca os desafios da alfabetização de adultos e idosos. “O adulto vem de um dia inteiro de trabalho, de uma jornada exaustiva, às vezes mora longe. No caso das mulheres, muitas não trabalham fora, mas trabalham dentro de casa, têm filhos, netos. Em relação a pessoas idosas, um dos grandes desafios é a questão da memória. Eles vêm buscar na educação a última oportunidade de ter a vida deles transformada e de atingir seus sonhos.”

A servidora da Diretoria de Jovens e Adultos (Dieja) Marli Vieira acompanha e conversa com os alfabetizandos

Porta de entrada

A diretora da EJA, Lilian Sena, reforça a importância dos estudantes seguirem um fluxo escolar após passarem pelo DF Alfabetizado: “Esse programa é a grande porta de entrada para o processo de ensino e aprendizagem, com o acolhimento de que essas pessoas tanto precisam para compreenderem que a educação é um direito e que, juntos, podemos transformar essa triste realidade brasileira, que ainda apresenta nove milhões de pessoas em situação de analfabetismo no Brasil, a partir dos 15 anos. Nesse sentido, estamos trabalhando muito para transformar o DF em território livre do analfabetismo, uma das grandes metas da nossa secretária, Hélvia Paranaguá”.

Na visita em Taguatinga, as servidoras da SEEDF acompanharam uma aula sobre hábitos saudáveis e autocuidado físico, mental e intelectual. Foi realizada uma roda de interação entre os estudantes e a professora para tratar das diversas formas de fortalecer a saúde mental e até mesmo conhecer melhor os colegas. O momento foi celebrado com cantoria, além de poemas declamados pelos próprios idosos.

Transformação pela educação

A alfabetizadora Manuela Santos incentiva Marinaldo Santos, Nicodemos Araújo e Damião de Sousa a não desistirem dos estudos

Há 17 anos trabalhando com alfabetização, Manuela Santos começou no Brasil Alfabetizado como coordenadora e atualmente é alfabetizadora do DF Alfabetizado. Ela trabalha com pessoas idosas nos três turnos, com turmas na Casa Viva, no Instituto Lar dos Velhinhos Maria Madalena e na Paróquia São José, todos em Taguatinga. Manuela vê de perto como a educação tem transformado a vida dos estudantes.

“Tenho o caso da dona Neusa, uma idosa que não era frequente nas aulas no ano passado. Esse ano ela já está mais frequente, melhorou bastante e até ajuda outra educanda. Eu tinha uma outra aluna aqui, que depois que voltou a estudar; percebi que ela começou a passar batom, arrumar o cabelo, é outra pessoa, ajudou muito no empoderamento dela”, reflete. 

Damião de Sousa, 62, aprendeu a escrever o próprio nome no programa e é um dos orgulhos da alfabetizadora. Ele conta que já tem cinco meses que está aprendendo na Casa Viva: “Peço a Deus para que eu fique mais no acolhimento, porque ficar na rua é ruim demais, você não dorme direito. Eu cheguei aqui, nem sabia fazer a letra ‘o’, agora já escrevo meu nome. Quero aprender. Eu gosto desse lugar, porque me dão moral, você chegar e falar com a pessoa, ouvir o que ela tá falando isso é muito importante pra mim”.

Nicodemos Araújo, 64, veio de Itapaci (GO). Como estava com horário vago e há muito tempo longe da escola, quis aproveitar a oportunidade para fortalecer as memórias e aprender “alguma coisinha”, como ele diz. Nicodemos engraxou sapatos quando era mais novo, trabalhou em padarias, foi jogador de futebol e até trabalhou em livrarias. “A educação fez diferença na minha vida, porque o trabalho braçal é pesado demais, e, com um pouco de estudo, você consegue pegar serviços melhores”.

Para o edital que será lançado ainda este ano, a previsão é de expandir para 200 turmas, contemplando cerca de 5.000 alfabetizandos, uma vez que o processo de alfabetização, na perspectiva de letramento e leitura do mundo, é de extrema relevância. Para obter mais informações, entre em contato com a Diretoria de Educação de Jovens e Adultos pelo telefone (61) 3318-2913.

*Com informações da Secretaria de Educação

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