Tentativa de golpe: agente da PF espionou delegado que coordenou posse de Lula


Segundo relatório da Polícia Federal enviado para o ministro Alexandre de Moraes, o agente Wladimir Soares espionou o delegado Cleyber Malta Lopes, que atuava como Coordenador de Execução da operação da PF na segurança da cerimônia de posse de Lula. Áudios revelam que policial fazia parte de plano para prender ou matar autoridades
O agente da Polícia Federal Wladimir Soares, investigado pela trama golpista, espionou o delegado Cleyber Malta Lopes, que atuava como Coordenador de Execução da operação da Polícia Federal na segurança da cerimônia de posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2022.
A informação está na denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República contra Wladimir nesta terça-feira (13). Ele teria encaminhado uma foto do delegado da PF Cleyber Malta para Sérgio Rocha Cordeiro, assessor especial da Presidência no governo Bolsonaro.
De acordo com a PRG, Cordeiro era o contato de Wladimir com o núcleo palaciano do golpe. Ele ainda teria repassado para o assessor dados e localização do sargento reformado Misael Melo da Silva, que também fazia parte da equipe de segurança de Lula. Wladimir obtinha as informações com policiais de força tática na equipe, segundo a denúncia.
Policial federal Wladimir Matos Soares, de 53 anos, preso por planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Reprodução/Redes Sociais
O agente foi denunciado por fornecer informações sigilosas sobre a segurança de Lula, o que era parte do planejamento operacional “Punhal verde amarelo”. O plano envolvia a possibilidade de assassinar o presidente eleito.
Uma perícia da PF no aplicativo WhatsApp, em aparelhos apreendidos do agente, revelou áudios em que ele menciona um grupo armado preparado para prender ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele também afirma que iriam “matar meio mundo” se necessário. Além disso, o policial critica o ex-presidente Jair Bolsonaro, dizendo que ele “deu para trás” ao não autorizar ações mais drásticas para impedir a posse do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.
A análise dos arquivos do WhatsApp revelaram também trocas de mensagens entre Wladimir e o delegado de Polícia Federal Flávio Rodrigues Calil Daher, lotado na Superintendência da Polícia Federal no Distrito Federal.
Em 22 de dezembro, Wladimir disse, em áudio, segundo a PGR:
“Professor Calil, meu irmão, boa noite. Meu filho, se as coisas mudarem lá para frente e por um acaso um desses ministros do STF forem ser presos, principalmente Alexandre de Moraes, pode saber que o senhor vai ser convocado para estar numa equipe desta, caso a Polícia Federal venha a fazer isso, certo? E o senhor estando numa equipe dessa, eu gostaria muito de estar na sua equipe, viu? Para fazer sua segurança”.
O delegado Calil, então, responde. “Grande Wladmir! Estaremos eu e você!”
De acordo com o PGR, o agente investigado confirmou que foi escalado para trabalhar na posse presidencial nas eleições de 2022, sendo um dos coordenadores da segurança fixa dos hotéis. No mesmo ano, segundo ele, também foi convidado para compor uma equipe que faria a segurança do Palácio do Planalto e do então presidente Jair Bolsonaro, caso ele “não entregasse a faixa presidencial”.
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