
No segundo dia de mobilização em frente à sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) do Leste, o movimento indígena de Roraima conseguiu agendar uma reunião com o Secretário Especial de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, para discutir a nomeação de uma coordenação para o órgão.
Em entrevista à FolhaBV, o vice-tuxaua geral do Conselho Indígena de Roraima (CIR), Paulo Ricardo, explicou que a mobilização já teve efeito mas só vai finalizar após conseguirem a nomeação.
“A gente conseguiu movimentar os processos com essa ocupação, nós estamos com o nome da nossa liderança na mesa do ministro para ser nomeada. Hoje teremos uma reunião com o secretário da Sesai, teremos outros ministros que passarão por aqui e iremos levar a eles nossa reivindicação. O movimento indígena faz uma movimentação pacífica, não estamos aqui para machucar ningúem, estamos aqui porque a saúde indígena não está indo bem nas comunidades”, ressalta o vice-tusaua.

De acordo com o movimento, a ausência de gestão no DSEI tem comprometido a assistência básica nas comunidades indígenas. As lideranças denunciam a falta de medicamentos, a escassez de profissionais de saúde e as dificuldades no transporte de pacientes, especialmente em regiões de difícil acesso.
Segundo um manifesto das Associações Indígenas do Estado de Roraima, a precariedade nos serviços vem sendo discutida desde dezembro de 2024, quando ocorreram dois encontros com lideranças regionais nos municípios de Uiramutã e na Terra Indígena São Marcos.
As associações ainda apontam falhas administrativas, ausência de conhecimento técnico e omissão institucional como causas do colapso nos atendimentos. Para os representantes, a má condução da saúde indígena compromete diretamente a prestação de serviços essenciais às comunidades.

5º Acampamento Terra Livre
A ação integra a programação da quinta edição do Acampamento Terra Livre (ATL) em Roraima, que desde o dia 5 de maio, indígenas de diversas regiões de Roraima participam do ATL, instalado na Praça Ovelário Tames Macuxi, no Centro Cívico de Boa Vista.
Além das pautas locais, o ATL também reforça reivindicações nacionais, como a revogação da Lei nº 14.701/23, que trata do Marco Temporal, e a crítica ao funcionamento da Câmara de Conciliação do Supremo Tribunal Federal (STF), cujo prazo foi prorrogado por três vezes, segundo o movimento, sem avanços efetivos para os povos indígenas.
Também estão na pauta o posicionamento contrário à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 48, de autoria do senador Hiran Gonçalves (PP-RR), e o acompanhamento dos debates no Senado sobre a liberação da mineração em terras indígenas.
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