Impressão digital em maço de cigarro ajuda polícia a resolver crime de 1977

LISBOA, PORTUGAL (UOL/FOLHAPRESS)

Um ex-soldado norte-americano foi acusado na semana passada pela morte de uma mulher em 1977, na Califórnia. Na época, a polícia chegou a colher impressões digitais e amostras de DNA da cena do crime, mas o criminoso não foi identificado. A criação de uma unidade de casos arquivados e melhorias nos bancos de dados do FBI colaboraram para a solução do crime 48 anos mais tarde.

Jeannette Ralston, 24, estava com amigos em um bar em San José, na Califórnia, em 31 de janeiro de 1977. Ela disse ao grupo que “voltaria em 10 minutos”, mas nunca mais retornou.

O corpo de Jeannette foi encontrado na manhã seguinte. Estava no banco de trás de seu Fusca, em um estacionamento próximo ao bar. Ela foi estrangulada com a manga de uma camisa feminina vermelha. Um maço de cigarro com impressões digitais também foi deixado no carro.

A polícia da Califórnia investigou o caso. Os investigadores colheram impressões digitais e DNA da cena do crime, mas não encontraram uma pessoa compatível com as amostras nos bancos de dados disponíveis. Na época, a polícia divulgou um retrato-falado de um homem não identificado que foi visto saindo do bar com Jeannette.

Como não foram encontradas provas, o caso ficou sem solução.

INVESTIGAÇÕES NÃO PARARAM POR AÍ

Unidade de casos arquivados foi criada em 2011 e assassinato de Jeannette foi transferido para lá. Melhorias na identificação de pessoas, no compartilhamento de dados e no algoritmo de busca foram implantadas ao longo do tempo.

No ano passado, os investigadores decidiram fazer uma nova checagem no banco de dados do FBI de todas as impressões digitais encontradas na cena do crime. Foi só então que eles encontraram uma correspondência na cidade de Jefferson, em Ohio.

Trata-se de Willie Eugene Sims, de 69 anos. Em 1977, ele era um soldado de 21 anos baseado em Fort Ord, a cerca de 110 quilômetros de San José.

Um ano depois da morte de Jeannette, Willie foi condenado por tentativa de homicídio e roubo com uso de faca no Condado de Monterey, também na Califórnia. Ele ficou preso por quatro anos e, desde então, não teve mais registros criminais.

Suspeito se mudou para Ohio. A mudança foi antes de seus dados serem inseridos no banco de dados de DNA federal administrado pelo FBI. Atualização de algoritmos feita em 2018 teria viabilizado a identificação de Willie.

“Match” foi confirmado com exame de DNA de Willie. O material genético dele foi encontrado nas unhas de Jeannette.

Retrato falado com “semelhança impressionante” também ajudou. O desenho do suspeito feito por investigadores em 1977 era muito parecido com a foto da prisão de Willie, tirada no ano seguinte, disseram os investigadores.

PRISÃO SURPREENDE FAMÍLIA

Jeannette deixou filho de seis anos quando foi assassinada. Allen Ralston, prestes a completar 55 anos, disse em entrevista coletiva que não sabia que as autoridades ainda trabalhavam no caso.

“Como se agradece alguém por algo assim? (…) Que presente incrível de Dia das Mães e de aniversário ao mesmo tempo. Em minha vida inteira, eu nunca entendi o que o Dia das Mães realmente significava”, disse Allen, filho de Jeannette.

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