Governo retoma demolição de casas na favela do Moinho, no centro de SP

Foto: Divulgação/CDHU

LEONARDO FUHRMANN
FOLHAPRESS

A CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional de Urbano do Estado de São Paulo) retomou, nesta terça-feira (13), a demolição de casas dentro da favela do Moinho, no centro da capital paulista, sob novo protesto de moradores.

A primeira demolição, de uma casa de alvenaria, começou por volta das 11h, com escolta do Baep (Batalhão de Ações Especiais de Polícia).

Fora do cordão de isolamento formado por policiais, os moradores protestavam e exigiam os documentos de autorização das demolições, que não foram apresentados.

As mudanças de moradores continuaram sendo feitas. Foram três na manhã desta terça.

A prefeitura também retirou um caminhão de entulho, que foi usado, nesta segunda-feira (12), para bloquear linhas da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) durante protesto de moradores contra o início das demolições.

Na manhã de segunda, Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana tentaram escoltar um trator para dentro da favela. A ação gerou protestos de moradores. O equipamento acabou ficando de fora, e o trabalho se restringiu à demolição manual, com martelos, pés de cabra e uma marreta, além do uso de madeiras das próprias construções.

Por volta das 15h, um grupo de moradores da favela expulsou os funcionários da CDHU que faziam a demolição dos barracos. Até aquele momento haviam sido destruídos seis barracos com a maior parte da edificação em madeira.

A manifestação aumentou e os moradores chegaram a bloquear os trilhos da linha 7-rubi da CPTM por volta das 16h10, interrompendo o tráfego de trens no local. A paralisação durou de pouco mais de uma hora.

Alvo de um processo de reassentamento do estado, o local já teve mais de cem famílias retiradas nas últimas semanas.

A ideia da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) é descaracterizar os imóveis de forma a impedir que eles sejam reocupados.

Representante legal da associação de moradores do Moinho, o Escritório Modelo da PUC-SP admite que tentativas pontuais de acesso aos imóveis ocorreram, mas diz que as casas não foram reocupadas.
Além disso, o escritório enviou um documento à CDHU questionando o uso do trator, que, segundo o escritório, deixou os moradores temerários de que demolições poderiam provocar desmoronamentos em imóveis ainda ocupados.

A comunidade fica em um terreno que pertence à União, entre duas linhas de trens metropolitanos, e a gestão estadual alega que o local não reúne condições adequadas para que as pessoas morem.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.