A grande vantagem da Seleção ao trazer Ancelotti é estratégica. Nenhum outro treinador que passou pela Seleção — de Tite a Dorival Júnior — soube usar Vinicius Júnior como ele. O italiano é, talvez, o único técnico do mundo que tem a “bula” do craque do Real Madrid. Foi sob seu comando que Vini Jr. atingiu o auge, transformando-se no melhor jogador do mundo.
Com Ancelotti, a Seleção começa com um trunfo: tem um técnico que sabe como extrair o melhor do principal jogador brasileiro em atividade. E isso muda o jogo.
Outro nome inevitável na equação é Neymar. Seu talento é indiscutível, mas sua influência extracampo sempre foi uma incógnita — ou um problema. Com treinadores brasileiros, Neymar parecia ter carta branca, muitas vezes agindo como se fosse maior que o próprio time. Ancelotti, porém, tem mais títulos do que qualquer estrela do elenco. Cinco Champions League, títulos nas principais ligas da Europa e respeito mundial. Não será ele quem irá se intimidar com Neymar ou com o pai do craque. Se quiser brilhar sob o novo comando, Neymar terá que fazer por merecer. Estar bem fisicamente, focado, e — principalmente — comprometido. Caso contrário, pode nem ser convocado.
E há um terceiro ponto em pauta: Endrick. A joia brasileira, que já mostrou seu valor no Palmeiras e começa a se destacar na Europa, ainda não teve espaço com Ancelotti no Real Madrid. É verdade que a concorrência por lá é de peso — Mbappé, inclusive —, mas no Brasil, Endrick é visto como o principal nome da nova geração. Caberá ao treinador italiano aprender a usá-lo, com humildade e sabedoria. Uma boa dica? Conversar com Abel Ferreira, o técnico que soube tirar o melhor do garoto no Palmeiras.
Ancelotti chega com peso, currículo e um enorme desafio: transformar promessas em títulos. E, finalmente, dar à Seleção Brasileira um norte — com autoridade, sem estrelismo e com futebol.