SHOW DOS REIS

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Entre 1962/1963, o Brasil tinha o melhor futebol do planeta. Tanto que conquistou a Copa do Mundo, pela segunda vez consecutiva, juntando amistosos e jogos oficiais com vitórias sobre quase todos os adversários. Razão para a imprensa carioca considera Santos 5 x 0 Botafogo, no dia 2 de abril de 1963, no Maracanã, “o maior jogo do mundo”.

Não era pra menos, afinal reuniu 11 atletas participantes da campanha do bi – Gilmar, Mauro Ramos, Zito, Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé (santistas), Nílton Santos, Garrincha, Amarildo e Zagallo (botafoguenses) – e mostrou um ‘Rei Pelé” mais majestoso do que nunca, “diante de 100 mil torcedores”, como exagerou a revista Fatos & Fotos – na verdade, 70.324 pagantes.

Embora a partida tenha sido disputada em 1963, valia (ainda) pela decisão da Taça Brasil-1962 (tipo Copa Brasil de hoje), com os dois preliantes sendo os campeões da temporada anterior em seus estados. Houve três confrontos. No primeiro, em 19 de março, no paulistano Pacaembu (Estádio Paulo Machado de Carvalho), o Santos andou liderando algumas vaias da sua torcida, mas venceu por um apertado 4 x 3, com dois gols de Pepe, (um deles cobrando falta), Coutinho e Dorval. Pelo lado botafoguense – Mané Garrincha não atuoso -, Quarentinha (também, de falta), Amoroso e Amarildo descontaram o prejuízo, apitado por Armando Marques e assistido por 30.481 pagantes.

Veio o segundo duelo, no Maracanã, e o Botafogo, agora com Garrincha, não tomou conhecimento da patota do Pelé e derrotou 3 x 1, no 31 de março, diante de 100.260 pagantes, com gols de Edson (substituto de Didi), Quarentinha e Amarildo, enquanto Rildo (contra) marcou para os santistas. Mas a vingança do “Rei” seria “maligrina”, como diria um personagem de Chico Anísio: 5 x 0, com Pelé (2), Dorval, Pepe e Coutinho na rede.

A farra de gols começou aos 24 minutos, pela ponta-direita Dorval. O Botafogo tentou segurar o impacto, mas não segurou muito. Aos 39, o outro ponteiro santista, Pepe, o da esquerda, aumentou para 2 x 0. Grande vantagem para quem passou a por sufocos no jogo de ida.No entanto, no segundo tempo, não tevea quem segurasse o “Rei”, que bateu na rede, aos 20 e aos 40 minutos.

O Santos daquele dia foi escalado pelo treinador Lula (Luís Alonso Peres) com: Gilmar, Lima, Mauro e Dalmo: Calvet e Zito; Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. O Botafogo, de Marinho Rodrigues, alinhou: Manga, Rildo (Joel), Zé Maria e Ivan (Jadir); Nilton Santos e Ayrton; Garrincha, Edson, Quarentinha, Amarildo e Zagalo (Jair Bala).

Daquele “maior jogo do mundo” sobraram duas histórias (ou lendas): 1 – pelo final da partida, quando a torcida já ia embora, uma bola sobrara entre Pelé e Nílton Santos, tendo a camisa 10 santista experimentada aplique um chapéu na “Enciclopédia”, que tirava a bola, de calcanhar. No desenrolar do lance, os dois se chocavam peito a peito, e se abraçavam, para não cair. Então, Nílton Santos teria falado: “Pr cima de min, não, seu filho da….” E quem ainda estava pelo estádio teria aplaudido, de pé. Indagado sobre o tal lance, Nílton Santos, que residiu em Brasília e foi professor na escolinha de futebol do meu filho, disse-me não se lembrar disso. 2 – o jogo fora assistido por dois astronautas soviéticos que ficam aqui: “Pelé é do outro mundo” – não há, porém, registros de visitas de astronautas ao Brasil de 1963.

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