Privacidade? Famílias devem acompanhar mais de perto crianças nas redes sociais, alerta psicóloga

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Por Maria Eduarda Barros
Agência de Notícias CEUB

As crianças alegam que precisam de privacidade na internet e os pais têm dúvida: como manter o diálogo com os filhos e explicar que só querem cuidar do bem-estar deles? Eis um dilema das famílias dentro e fora das casas.

A presença de menores em plataformas como Instagram, TikTok e YouTube levanta uma questão delicada: eles deveriam estar nesses espaços tão cedo? O debate vai além do uso consciente da internet.

Enquanto alguns defendem que a rede pode ser um espaço de expressão e aprendizado, especialistas alertam para os perigos invisíveis que rondam o ambiente digital, como a perda da autonomia sobre a própria imagem, o cyberbullying e os desafios virais de conteúdo impróprio.

Em entrevista à Agência de Notícias Ceub, a professora de psicologia Izabella Melo, do Centro Universitário de Brasília, analisa que há impactos do uso da internet nesse cenário no desenvolvimento emocional e social de crianças e adolescentes.

Privacidade?

Izabella Melo explica que o senso de privacidade decorre, em princípio, da idade dos jovens.

“Quanto mais novinhos eles forem, maior existe uma demanda para que os pais acompanhem e saibam o que está acontecendo. Conforme as crianças vão crescendo e entram na adolescência, é recomendado que elas vão ganhando algum nível de autonomia e de privacidade”, diz Izabella.

A professora ressalta que é importante que os pais permaneçam atentos aos comportamentos on-line de seus filhos, a fim de garantir que eles não ameacem o bem-estar deles.

Riscos

A professora afirma que no ambiente digital, assim como na vida real, é possível que todos se deparem com muitas reproduções de dinâmicas de violência ou comportamentos perigosos. Por isso, é, segundo a psicóloga, importante que os pais reflitam sobre os benefícios e riscos das redes sociais.

“Nessa ânsia que crianças e adolescentes têm por se conectarem com pessoas que são semelhantes a elas, pode ser que elas estejam mais vulneráveis de entrar em grupos que promovam dinâmicas, movimentos ou até mesmo trends particularmente perigosos”, diz a psicóloga.

A professora explica que, ao passo que pessoas na vida adulta apresentam uma formação neural mais capaz de lidar com o virtual, pessoas mais novas possuem maior riscos de danos à saúde mental.

Ambiente seguro

A professora afirma que, para minimizar os riscos, é importante criar uma relação de confiança e segurança entre pais e filhos.

“(É necessário) um diálogo aberto, franco e seguro, acolhimento sem julgamento. Isso tende a formar vínculos emocionalmente satisfatórios, seguros e que aquelas pessoas sabem que podem contar com o suporte de umas das outras sem sofrerem represálias”, diz a professora.

Além disso, a professora ressalta que o uso consciente das redes pelos próprios pais pode servir de exemplo e ser um passo crucial para a educação digital dos filhos.

Responsabilidade

Situações que ferem a integridade física e mental de crianças e adolescentes são normalmente associadas ao descuido de pais ou responsáveis.

Izabella Melo acredita que isso é um problema de saúde pública e que, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a responsabilidade integral sobre crianças e adolescentes é, não apenas dos pais, como também de todos os adultos brasileiros.

A professora explica que pais devem oferecer recursos para dar suporte às crianças. Ela defende que é necessário pensar em políticas públicas ou leis de regulamentação dessas plataformas para a adequação delas às demandas e às normas legais.

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