
A filiação de Eduardo Leite ao PSD, oficializada na sexta-feira (9), gerou reações negativas entre dirigentes do PSDB, que interpretaram a decisão como uma ruptura com o projeto de reconstrução do partido.
A mudança foi formalizada em cerimônia no gabinete da Direção Nacional do PSD, em São Paulo, com a presença do presidente da legenda, Gilberto Kassab.
Conforme apurou o Portal iG, lideranças da legenda apostavam no governador como sua principal figura para se reerguer e ter competitividade em uma disputa à presidência, principalmente em 2030. A saída foi interpretada como um gesto de deslealdade.
O ultimo nome do PSDB que concorreu ao cargo foi o deputado federal Aécio Neves, figura histórica na legenda que elegeu Fernando Henrique Cardoso para a presidência para dois mandatos.
Governador do Rio Grande do Sul estava insatisfeito
Segundo aliados, Leite avaliava que sua posição dentro do PSDB vinha se enfraquecendo e que perderia ainda mais espaço com a fusão.
Eduardo deixa o PSDB após 24 anos de filiação, período no qual construiu toda sua trajetória política. A decisão ocorre em meio à fusão do PSDB com o Podemos, aprovada pela cúpula partidária, mas contestada por Leite.
“As circunstâncias do cenário político e eleitoral, tanto no Rio Grande do Sul quanto no Brasil, exigem novos caminhos”, afirmou o governador em nota oficial.
No texto, ele também declarou: “Depois de 24 anos de filiação ininterrupta ao PSDB — meu único partido até aqui — comunico, com o coração cheio de gratidão, minha desfiliação da legenda. Não foi uma decisão simples.”
PSDB lamenta
Em nota pública, a direção nacional do PSDB lamentou: “Lamentamos que essa decisão ocorra exatamente no momento em que o PSDB está se reconstruindo e se fortalecendo para voltar a liderar um projeto nacional de centro, longe dos extremos. A fusão com o Podemos, caminho que estamos construindo para fortalecer o PSDB, contou inclusive com o voto do próprio governador Eduardo Leite.”
A nota acrescenta: “Desde a sua fundação, o PSDB nunca escolheu o caminho mais fácil, mas o mais coerente com nossos princípios e valores.”
O presidente estadual do PSDB em São Paulo, Paulo Serra, também se manifestou.
Em nota enviada ao Portal iG, afirmou: “Lamento a saída do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, do PSDB. De toda forma, desejo boa sorte a ele. Pode ser um fim, ou um recomeço; um ponto final, ou uma vírgula; um vale, ou uma ponte. Ainda não consigo saber. O que sei é que está na hora da Política no Brasil se reinventar.”
Enfraquecimento do PSDB

O PSDB enfrenta um processo de retração. Com a saída de Leite e de Raquel Lyra (Pernambuco), a sigla mantém apenas um governador –Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) – que avalia se vai permanecer no partido, segundo interlocutores.
A legenda conta hoje com 13 deputados federais e três senadores.
O PSD elegeu 887 prefeitos nas eleições municipais de 2024 — incluindo cinco capitais.
Leite afirmou em declarações recentes que está “disposto” a disputar cargos majoritários. É cotado para concorrer ao Senado em 2026 pelo Rio Grande do Sul. A possibilidade de disputar a Presidência não está descartada, mas depende do desfecho das articulações internas no seu mais novo partido, o PSD.